Por Leonel Alvarado.
Tem jeito a jaca,
tem jeito.
Tem cheiro a jaca,
tem cheiro.
Chato seu cheiro, jaca,
chata sua pele espinhosa.
Erro das sementes
fazer uma fruta tão horrorosa.
Não posso te querer, jaca,
mas estou tentando.
Nem a árvore te quer
e deixa-te pendurando.
Cheios de jacas os morros da cidade,
cheia a vida de tanta fruta ruim.
Tanto mau cheiro de humanidade,
a dor da jaca sai de mim.
Cai no chão a jaca,
caímos todos.
Ao pé da árvore
fica a dor que somos.
Tem jeito a jaca,
tem jeito.
Tem cheiro a jaca,
tem cheiro.
É triste o destino da jaca,
Ninguém pode querer seu cheiro.
É triste o destino daqueles que morrem
porque ninguém está lhes querendo.
Tem jeito a jaca,
tem jeito.
Tem cheiro a jaca,
tem cheiro.
Leonel Alvarado é Professor-Associado da Escola de Humanidades, Mídia e Comunicação Criativa na Massey University (Nova Zelândia).