Painel Paulista sobre o Centenário do Rádio no Brasil

Pesquisadores reunidos na ECA-USP para celebrar os 100 anos da Rádio Clube de Pernambuco

 

6 de abril de 1919: As ruas de Recife tinham em seu ar mais do que a brisa gostosa de um outono que chegara. Havia algo de eletromagnético no ar. Jovens rapazes pernambucanos faziam experimentos com radiodifusão e radiotelegrafia. Nascia a Rádio Clube de Pernambuco, uma pioneira de uma paixão brasileira pela mídia sonora. Ouvimos de tudo: sons de amor, dor, fulgor e até mesmo o grito de gol.

30 de abril de 2019: Professores e pesquisadores de rádio participaram do , promovido no Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (CJE-ECA/USP). O evento, realizado no auditório Freitas Nobre, discutiu não só a trajetória, mas também o atual panorama e as perspectivas do rádio para os próximos anos.

A palestra de abertura buscou no passado a origem nordestina do rádio brasileiro. “Certidão de nascimento da Rádio Clube de Pernambuco” foi o tema tratado pelo professor Pedro Serico Vaz Filho, da Universidade Anhembi Morumbi, que em pesquisa de Pós-doutoramento na ECA/USP investiga a origem da Rádio Clube de Pernambuco, a partir do ano de 1919. Em seguida, outras 25 apresentações ocorreram no encontro, que contou com seis mesas de trabalho onde temáticas distintas referentes ao rádio mobilizaram a atenção daqueles que estavam presentes no auditório ou que assistiram o evento transmitido pela IPTV-USP. Em cada apresentação, os conferencistas destacaram conteúdos que trabalham em sala de aula e em pesquisas que desenvolvem sobre o rádio.

As duas primeiras mesas analisaram oPanorama dos Pioneiros do Rádio no Brasil”. As apresentações foram coordenadas por Lourival da Cruz Galvão Júnior ( Universidade de Taubaté (UNITAU) e do centro Universitário Módulo de Caraguatatuba), que abriu a rodada ao tratar da “Influência dos grupos de poder no nascimento do rádio brasileiro: uma perspectiva Giselista”. O assunto, que também faz parte de pesquisa de Pós-doutoramento na ECA/USP, teve como foco os estudos de Gisela Swetlana Ortriwano, uma das principais pesquisadoras de rádio contemporâneo no Brasil.

Em seguida, o pesquisador Irineu Guerrini Júnior tratou do tema “O rádio dramatiza a realidade: análise de alguns casos brasileiros”. Luciane Ribeiro do Valle, da Universidade de Araraquara (UNIARA), falou sobre “A inesquecível Rádio Nacional do Rio de Janeiro”, sendo sucedida por Nivaldo Ferraz, da Universidade Cruzeiro do Sul, que analisou “O cinema no rádio”. Filomena Salemme, da Faculdade Cásper Líbero, apresentou “A trajetória do rádio sob a ótica do ouvinte” e Felipe Parra Alves de Oliveira, doutorando pela ECA/USP, ocupou-se das “Rádios livres sorocabanas: o resgate de memórias radiofônicas”. As mesas iniciais ainda contaram com a apresentação das pesquisas de Antonio Adami, da Universidade Paulista (UNIP), que falou sobre “O rádio de São Paulo – anos 1920,1930, 1940 e 1950”; e de Lenize Villaça Cardoso, docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que mostrou seus estudos sobre o “Rádio universitário paulistano: histórias e perspectivas”.

O terceiro painel contou com a coordenação por Marcelo Cardoso, do Centro Universitário Fiam (Faculdades Integradas Alcântara Machado), que trouxe referências sobre “Rádio, locução e automobilismo”. A temática seguinte foi de Carlos Henrique de Souza Padeiro, da Universidade Anhembi Morumbi, sob título “O rádio esportivo, o entretenimento no início do rádio esportivo: Ary Barroso, o speaker da gaitinha”. José Eugenio Menezes, também da Faculdade Cásper Líbero, expôs a pesquisa desenvolvida pelo orientando dele de mestrado, Elcio Padovez, com o estudo “Ambientes comunicacionais na Copa da Rússia: o caso do boletim No Clima da Copa”.

A quarta mesa prosseguiu esportiva, com coordenação de Rafael Duarte Oliveira Venâncio, Universidade Federal de Uberlândia, que iniciou com o tema “Ficção radiofônica esportiva e o storytelling de Estevam Sangirardi”, seu tema de pós-doutorado em desenvolvimento na ECA-USP. Em seguida, o doutorando na ECA-USP, Sergio Robinson Quintanilha, apresentou com a pesquisa “O automóvel no seu rádio”. O encerramento dessa parte ficou a cargo do de Marcus Aurélio de Carvalho, apresentador e diretor de programa radiofônico na empresa Empresa Brasil de Comunicação. Ele resgatou a atuação do locutor/apresentador Osmar Santos, entre “Novas linguagens e afetos: a contribuição do rádio esportivo de São Paulo na busca da democracia”.

A quinta mesa, enfatizou as múltiplas perspectivas do rádio com a coordenação de Vivian de Oliveira Neves Fernandes, doutoranda em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Ela revelou os resultados da pesquisa que realizou: “A Associação Latino-Americana de Educação Radiofônica e a articulação em rede de rádios populares”. Neste grupo, Carla de Oliveira Tôzo, também do Centro Universitário Fiam, falou sobre “A Divulgação Científica Na Rádio USP”. Sérgio Pinheiro da Silva, da Universidade São Judas, trouxe o tema “O rádio educativo: cem anos de experiências e experimentações que buscam alavancar a cidadania”. Na seqüência, Roberto D’Ugo Junior, da Faculdade Cásper Líbero falou sobre “A Cultura da Radioarte: um recorte histórico e estético”. Encerrando este momento, Marcos Júlio Sergl, da Faculdade Paulus de Comunicação, fez exposição sobre a “Oralidade e sonoridade do rádio a partir dos conceitos de performance local”.

A sexta e última mesa contou com a coordenação de Luciano Victor Barros Maluly (ECA-USP), que apresentou os programas “Universidade 93,7”, que são transmitidos a mais de 10 anos pela Rádio USP. Júlia Lúcia Albano da Silva, da Universidade Santo Amaro (Unisa), detalhou a pesquisa “Camaleão Sonoro: algumas pontuações sobre a midiamorfose estética da radiofonia no contexto digital”. Depois mais três exposições tiveram sequencia: Carlos Augusto Tavares Junior, doutor pela ECA/USP, falou dos “Perfis do rádio brasileiro: histórico, tecnologias e informação”, o jornalista Edione Abreu tratou do tema “Pistas e possibilidades sonoras no radiojornalismo: um aporte sobre a narrativa da radiorreportagem para além dos sons das palavras” e o mestrando da Faculdade Cásper Líbero, Cristiano Fontes Blota, encerrou com o tema: “O humor e os vínculos sonoros no radiojornalismo: O quadro Buemba! Buemba, da BandNews”.

O fechamento do “Painel Paulista debate o centenário do rádio no Brasil” teve a presença ilustre do Prof.  Dr. Luiz Fernando Santoro, da Escola de Comunicações e Artes da USP, que após ter acompanhado todas as mesas palestrou com falando sobre “O rádio ontem e agora”. Ele fez comparativos entre os cenários radiofônicos de épocas distintas trazendo as perspectivas radiofônicas e da mídia sonora neste século XXI que vivemos e continua sendo apaixonado pelos sons do mundo.

 

Por Lourival da Cruz Galvão Júnior, Pedro Serico Vaz Filho e Rafael Duarte Oliveira Venâncio (Pos-doutorandos na ECA-USP) e Luciano Victor Barros Maluly (professor da ECA-USP)