DIA DO RÁDIO: O INÍCIO

A comunicação radiofônica no Brasil empolgante e vibrante teve início no Brasil com o físico e líder religioso Roberto Landell de Moura no século XIX. Ao mesmo tempo, o físico croata radicado nos Estados Unidos, Nikola Tesla pesquisou as ondas hertzianas para transmitir eletricidade sem fios. Antes de atuar na General Electric, Tesla detinha 19 patentes de rádio, das quais o empresário italiano Guglielmo Marconi utilizara para padronizar e comercializar sistemas irradiantes, constituídos de transmissores para as estações e kits com peças de receptores de galena, no estilo “faça você mesmo”.

Cartão postal da década de 1920, do prédio de telegrafia dos Correios, com antena de rádio instalada ao fundo da construção

No Brasil, o rádio teve um início tímido em Pernambuco, por meio da Escola Superior de Electricidade, que deu origem a primeira estação experimental de rádio em 6 de abril de 1919. A 7 de setembro de 1922, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro oficializa o início das transmissões de rádio no Brasil, com a transmissão do pronunciamento do presidente Epitácio Pessoa. Embora o evento contasse com a instalação de alto-falantes na capital fluminense, o destaque foi a captação da transmissão na área que compreende o Grande Rio, Niterói e cidades da serra da mantiqueira. Apenas em 1923, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, sob direção do médico Edgar Roquette-Pinto passa a ter transmissões diárias e uma programação, com destaque à leitura de jornais pelas manhãs pelo próprio Roquette-Pinto. O transmissor Westinghouse havia sido instalado no morro do Corcovado em um prédio de telegrafia, de propriedade dos Correios. Anos depois, foi demolido para dar lugar ao monumento do Cristo Redentor em concreto armado, principal atração turística do lugar.

A primeira iniciativa de comemorar o dia do Radialista no dia 21 de setembro de 1943 marcou a data que o então presidente Getúlio Vargas regulamentou a atividade, profissionalmente apenas com finalidades de defesa, mas com piso salarial e remuneração mínima. Apenas da década de 1970, a profissão de radialista foi completamente regulamentada, mediante a exigência de curso técnico, como o desenvolvido pelo radialista santista Reynaldo Tavares, para formação de locutores, além do curso universitário de Rádio e Televisão (também conhecido como Audiovisual e Cinema, Rádio e TV).

Neste epicentro acadêmico do rádio no Brasil, a Escola de Comunicações e Artes  da USP contou com a atuação dos departamentos específicos: Jornalismo e Editoração e Cinema, Rádio e Televisão. No CJE, as pesquisas desenvolvidas por Gisela Swetlana Ortriwano foram consolidadas em 1990, com a publicação da tese “Os (des)caminhos do rádio”, reconhecida como a primeira do gênero a ser produzida na Universidade de São Paulo.

Desde a década de 1950, a realização de eventos empresariais e acadêmicos comemorativos ao período de 21 a 25 de setembro como a “Semana do Rádio”, tendo o dia 21 de setembro como o dia do radialista e 25 de setembro, como dia do rádio e também, aniversário de Roquette-Pinto.

Desde 2006, a publicação da Lei 11327, alterou oficialmente o dia do radialista para 7 de novembro, aniversário do músico, showman e locutor esportivo Ary Barroso. Desde então, a data de 21 de setembro, embora simbólica, continuou a fazer parte das comemorações do rádio no Brasil. Com duas datas e uma rica história, ainda ficaram a serem consideradas no futuro a data da primeira patente de rádio de Nikola Tesla e a inclusão do dia 3 de junho, em alusão ao primeiro registro atribuído à transmissão de Roberto Landell de Moura em 1900.

Em meio a internet, mídias convergentes e previsões desastradas, o rádio se reinventou ao longo dos anos e ainda que as trasmissões via satélite contribuíssem para o desinteresse das ondas curtas, vale salientar que a estação da Rádio Vaticano detém a autorização de utilizar o transmissor mais potente do planeta para captação internacional. Regional, global, local… o rádio está presente no cotidiano dos brasileiros há mais de cem anos.

 

Por: Carlos A. Tavares Jr
Radialista Diplomado, com especialização em Mídia, Informação e Cultura
Doutor em Ciências da Comunicação pela USP (2019)
Atualmente cursa pós-doutorado na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – Departamento de Jornalismo e Editoração

FONTES:

Site ABERT (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão)

ORTRIWANO, Gisela Swetlana. A informação no rádio: os grupos de poder e a determinação nos conteúdos. São Paulo: Summus, 1984.

ORTRIWANO, Gisela Swetlana. Os (des)caminhos do rádio. Tese de Doutorado em Ciências da Comunicação. Orientador: Ciro Juvenal Marcondes Filho. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1990.