ISSN 2359-5191

17/05/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 05 - Educação - Instituto de Psicologia
Mesa redonda no IP pensa trabalho e questões de gênero

São Paulo (AUN - USP) - Está marcada para o próximo dia 19 a mesa redonda “Identidade, Gênero e Trabalho”, sob a coordenação de Tatiana Freitas Stockler das Neves e organizada pelo Centro de Psicologia Aplicada ao Trabalho (CPAT), do Instituto de Psicologia. As mesas de discussão ocorrem anualmente, sempre em maio, devido à proximidade do Dia do Trabalho. “Não se trata de comemorar, mas de aproveitar o momento para refletir sobre o trabalho”, afirma Fábio de Oliveira, do Centro. Para cada ano é escolhido um tema - a mesa do ano passado tratou de educação –, definido de acordo com os assuntos em voga no momento ou com o interesse da equipe do CPAT. O tema deste ano relaciona-se a um projeto de pesquisa e estágio desenvolvido por Tatiana e alguns alunos, tratando da questão do gênero. A mesa funciona, então, como um momento em que os docentes e alunos podem entrar em contato com profissionais e pesquisadores que atuem na mesma área de interesse.

Para compor a mesa, foram convidadas Laís Abramo, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Maria Rosa Lombardi, da Fundação Carlos Chagas e Sylvia Leser de Mello, da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da USP e cada uma irá tratar de um assunto com o qual vêm trabalhando. Laís vai traçar um panorama da diferenciação de gênero no mundo, levando em consideração seu trabalho na OIT e seu estudo comparativo desenvolvido em cinco países da América Latina, incluindo o Brasil. Em seguida, Maria Rosa fará uma apresentação sobre mulheres que trabalham em funções tradicionalmente exercidas por homens, abordando principalmente o trabalho de engenheiras. Finalmente, Sylvia trará a questão da inserção das mulheres nas cooperativas populares, vinculada a seu trabalho no ITCP. Desde 1999, ela tem realizado experiências no campo da economia solidária, trabalhando com grupos populares e alunos de diversas unidades da USP. Segundo Sylvia, “hoje as mulheres representam de 70 a 80% na composição das cooperativas populares e essa participação gera uma grande transformação nelas mesmas”.

Na ocasião deve acontecer também o lançamento dos números 5 e 6 dos “Cadernos de Psicologia Social do Trabalho”. A revista, editada por Leny Sato e Fábio de Oliveira, vem atuando no fomento das questões de Psicologia do Trabalho e na aproximação de pesquisadores. Ela surgiu com a publicação ocasional de textos dos alunos do IP e hoje edita artigos de pesquisadores de outros estados e mesmo de outros países, sendo que algumas das palestras proferidas nas mesas redondas de anos anteriores também saíram em números da revista. Fábio ressalta o caráter coletivo de sua construção, como em um trabalho em rede, e aposta na possibilidade de a revista tornar-se referência na área.

O CPAT, que organiza a mesa e publica as revistas, pertence ao Departamento de Psicologia Social e do Trabalho (PST) e está vinculado à disciplina “Psicologia do Trabalho e das Organizações”. Trata-se de um órgão formado por professores e psicólogos, sob a coordenação da professora Leny Sato, também docente do PST. O objetivo do CPAT é estudar os diferentes ramos da Psicologia do Trabalho, que abrange a Saúde dos Trabalhadores, em que as ciências sociais são aplicadas à saúde; a Psicologia Organizacional, ligada à gestão de empresas – o conhecido RH; e a Psicologia Social do Trabalho, que analisa temas como desemprego, redes de suporte, auto-gestão e cooperativismo. Uma das propostas, de acordo com Fábio, é “superar a idéia de que a Psicologia do Trabalho é só RH”, através da ampliação dos temas e possibilidades de estágios. Segundo ele, o CPAT trabalha com as três prerrogativas que orientam a universidade pública: ensino, pesquisa e extensão. Alguns de seus estágios aliam essas diferentes facetas da atividade acadêmica: o CPAT vem desenvolvendo um projeto com desempregados, junto à prefeitura de São Paulo, que atua como extensão à sociedade e como possibilidade de estágio para os alunos do IP.

A Psicologia Social do Trabalho, particularmente, trata de um movimento de retorno à Psicologia Social, com seus métodos, teorias e interesses focados no humano. Metodologicamente, ela alinha-se ao marxismo e à fenomenologia de Merleau-Ponty, matrizes que influenciaram os estudos brasileiros, em geral mais focados em trabalhos de campo e estudos qualitativos. Esta é uma área interdisciplinar por natureza, em que convergem abordagens sociológicas e psicológicas.

O público esperado para o evento é de estudantes universitários, pessoas ligadas ao movimento sindical, funcionários públicos, professores de ciências sociais e de psicologia e demais interessados. Não há necessidade de inscrição e o evento, gratuito, deve acontecer na próxima quarta-feira, dia 19, às 14 horas, no Auditório Aurora Furtado, bloco B, sala 20, no IP. O lançamento dos “Cadernos de Psicologia Social do Trabalho” será na mesma data, às 17:30, na Sala Lígia Assumpção Amaral, na Biblioteca do IP.

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