ISSN 2359-5191

17/12/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 98 - Saúde - Faculdade de Medicina
Pesquisadores apontam risco de suicídio em pacientes com TOC

São Paulo (AUN - USP) - Apesar de muito pouco estudado e ainda subestimado, o risco de suicídio em pacientes com Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) é bastante considerável, segundo a psiquiatra Albina Torres em apresentação de suas pesquisas à Faculdade de Medicina da USP. “Para a Organização Mundial de Saúde, o TOC é uma das 10 doenças mais incapacitantes do mundo.”

De acordo com o professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina Mount Sinal, em Nova York, Eric Hollander, consequências frequentemente relatadas de sintomas da doença incluem baixa auto-estima, aspiração de carreiras menos importantes, relacionamentos conturbados, poucos amigos e conquistas acadêmicas menores.

Tal impacto na qualidade de vida chega a ser tamanho e, em 90% dos casos, acompanhado com os de outros transtornos ansiosos, que nos poucos estudos realizados acerca do assunto, os números já foram bem esclarecedores. Eric Hollander relata, em seu projeto, que 41% dos pacientes se mostraram incapazes de trabalhar, com uma média de perda de tempo de trabalho de 2,5 anos. Adicionalmente, tentativas de suicídio foram relatadas em 12% deles. Aqueles acometidos por mais uma patologia associada ao TOC apresentaram duas vezes mais chances de cometer suicídio que o restante da população com outros transtornos mentais.

Apenas mais dois estudos clínicos específicos foram realizados. Um na Índia e, outro, sob a supervisão da psiquiatra Albina Torres e do C-TOC. Esse, criado no ano de 2003 e com o objetivo principal de desenvolver projetos de pesquisa na área dos transtornos do espectro obsessivo-compulsivo, de maneira colaborativa entre sete centros de excelência em diferentes estados do Brasil. Ambos os estudos contaram com pacientes em tratamento e relataram que cerca de metade deles já havia pensado em suicídio, durante todo o período de vida, e 25% pensavam no exato momento.

Dos 582 pacientes estudados pelo C-TOC, ainda percebeu-se um padrão dos que já haviam pensado em se matar. Eram, em um pouco mais da metade deles, do sexo feminino, de meia-idade, solteiros, das classes A e B, com trabalho e crença religiosa.

O fato do TOC estar quase sempre associado a outro transtorno de humor ou mesmo psicótico, faz com que a possibilidade de pensamentos suicidas aumente consideravelmente. Um histórico familiar de suicídios, também. Das doenças associadas, dois terços delas apresentam sintomas depressivos e 38% de controle de impulsos. Os obcecados pela simetria e organização, e os de dimensão sexual e religiosa, são os que apresentam o maior relato de planejamento e tentativas de acabar com a própria vida.

Um dos desafios para o profissional que trabalha nessa área é distinguir a idealização da morte da obsessão do paciente. Ou seja, se ele deseja morrer ou se tem medo de não se controlar e se matar. Também há falta de um estudo associado acerca de transtornos de personalidade, que podem interferir nos desejos suicidas.

“O interessante que temos notado é a prevalência da obsessão à compulsão. Há mais atos de planejamento de suicídio, pensamentos suicidas, do que atos compulsivos em si, realizados porque eles acreditavam que precisava ser realizado”, analisa Albina Torres, que, mesmo assim, deixa claro que o risco de suicídio em pacientes com TOC não pode mais ser considerado baixo ou desprezível. E que precisa de cada vez mais estudos.

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