No ano em que se comemora o cinquentenário de morte do escritor Guimarães Rosa, o presente artigo objetiva discutir de que modo a questão do sagrado se faz presente na coletânea de contos que compõe a obra Sagarana, do escritor mineiro. A proposta de leitura que aqui se apresenta será feita tendo por princípio a noção de sagrado que é defendida pelo poeta e teórico mexicano, Octavio Paz, que vê o sagrado e a poesia como exemplos de revelação poética. O livro Sagarana, primeira publicação literária de Guimarães Rosa, é composto por nove contos, no entanto, neste artigo se pretende dialogar com apenas três narrativas, por acreditar que uma leitura de todos os contos exige um trabalho de maior extensão e fôlego que requer algo além dos limites de um artigo. As narrativas objetos de interlocução aqui, portanto, são: A hora e vez de Augusto Matraga, São Marcos e Corpo fechado.
O presente artigo tem por objetivo estabelecer uma reflexão acerca das relações entre literatura e os Estudos Animais, a partir do diálogo com produções literárias e filosóficas.
Pretende-se, neste trabalho, discutir as relações entre moda e literatura a partir da presença de elementos literários em coleções de moda, ou seja, por meio da literatura como fonte inspiradora de desfiles. Para alcançar esse propósito, buscou-se o diálogo com peças de coleções produzidas por Ronaldo Fraga. Há muitos anos, o estilista brasileiro traz para as passarelas peças que, de uma forma ou de outra, mostram-se afinadas com referências artísticas e literárias. Para este artigo, priorizou-se uma coleção em especial. Trata-se da coleção do verão de 2006/2007 intitulada A cobra ri: uma estória de Guimarães Rosa, inspirada em um dos maiores clássicos da literatura brasileira, Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. As duas narrativas, isto é, a coleção de Ronaldo Fraga e a obra-prima do escritor mineiro, constituem-se como o ponto central de reflexão deste artigo, que procura trabalhar o diálogo entre os dois textos pela via da transcriação e da tradução intersemiótica.
Vamos questionar como a Natureza se deixa-viger na poética de Alberto Caeiro e Guimarães Rosa. Manuel Antônio Castro, poeticamente, afirma que “os conceitos são o aborto das questões” (CASTRO: 2007, 04), assim sendo, apesar de Caeiro ter se firmado como poeta e Rosa, como prosador [publicou um único livro de poemas – Magma ], usaremos a denominação poética para dialogarmos com a produção textual destes dois pensadores da modernidade, não só por sermos refratários à imposição de conceitos dicotômicos e abortivos, mas também, por acreditarmos que mesmo sem grandes sagacidades literárias, é possível apreender que a prosa de Rosa é tão carregada de poesia quanto os poemas de Caeiro. Octavio Paz argumenta – “A linguagem, por inclinação natural, tende a ser ritmo. Como se obedecessem a uma misteriosa lei de gravidade, as palavras retornam à poesia espontaneamente.” (PAZ: 2006, 12) Seguramente a prosa de Rosa é um retorno constante à poesia.
O presente trabalho apresenta como proposta uma reflexão acerca das manifestações da temporalidade poética no tédio, na memória, no esquecimento, na impermanência e na finitude em produções literárias, com maior relevo para diálogos com textos de Guimarães Rosa e de Fernando Pessoa. Nossa investigação econtra eco em escritos de grande relevância para o pensamento, como as reflexões engendradas por Heidegger, Octavio Paz e Bachelard que, de forma direta ou tangencial, tematizam o tempo como questão inquietante. Em busca do tempo poético, ou seja, de um tempo que foge ao encarceramento às engrenagens de um relógio, ou a qualquer outro meditor temporal, um tempo que não se rende à triádica divisão clássica - passado presente e futuro - intentamos corporificar nossa hipótese de pesquisa com diálogos que perfazem a travessia por outros campos do conhecimento que não se limitam à literatura, mas que podem ser pensados sob o olhar da literatura, a saber, a filosofia, a física e a mística oriental. Ao pensar o tempo poético, ainda objetivamos refletir de que maneira essa temporalidade pode se configurar como uma medida para nossa prática de ensinantes de literatura.