Os contos de Sagarana, obra inaugural de Guimarães Rosa, trazem uma panorâmica dos temas e assuntos que motivaram toda sua obra. Um desses contos - “São Marcos” - é o objeto do trabalho aqui proposto. O autor retrata o cotidiano de uma comunidade distante, típico reduto da memória cultural de um Brasil caboclo. Considerando que os contos foram originalmente escritos no início da década de 1930 mas tornaram-se conhecidos em 1947, este trabalho estuda as peculiaridades do sincretismo da religiosidade sertaneja e sua importância no âmbito do regionalismo literário à época de sua elaboração, focando as imagens literárias. O estudo visa mostrar a configuração dessas imagens no conto, de acordo com as ideias de D. H. Pageaux (1988), destacando a oralidade (Zumthor, 1993) e as formas simples (André Jolles, 1976) na estruturação do texto, os aspectos peculiares da religiosidade popular (C. R. Brandão, 1980), e conta com as ponderações historiográficas de Antonio Candido (1976, 1981, 1987).