Este trabalho propõe-se a interpretar Grande Sertão: Veredas - na perspectiva do discurso narrativo - como um jogo de forças antagônicas. A dialética do bem e do mal mostra características que o romance apresenta e como se utiliza de elementos poéticos, míticos, religiosos e narrativos para criar este mundo amplo e particular, onde forças contraditórias formam um todo homogêneo. O título da Tese dá a justa medida da imaginação poética que o universo rosiano demanda, pois "tudo é e não é". Dessa forma o trabalho se divide em cinco partes: o narrador, inspirações do narrador, o mal encarnado, o mal e o pacto e os adversários do mal. Capítulos que procuram demonstrar como esta dialética de bem e mal perpassa o romance sob vários aspectos, indicando que o imbricamento entre as forças maléficas e divinas constituem o caminho rumo à sabedoria: travessia. Nossa hipótese postula que nos vários planos estruturais da obra coexistem oposições, conflitos e reversibilidade entre as potências do bem e do mal. E tais oposições determinam que uma perspectiva sábia está no conhecimento de que estas oposições devem coexistir e auxiliar na caminhada das veredas da existência.