Este trabalho é um recorte de nossa pesquisa sobre a relação entre o texto literário e seu público. Aqui, discutimos dois textos de recepção da novela “A hora e a vez de Augusto Matraga” de Sagarana (1983), a saber: Luis Truzzi (2007) e Gustavo Ribeiro (2016). Tomamos como base a discussão de Hans Robert Jauβ sobre a experiência estética, considerando tanto seu lado positivo quanto seu lado negativo, ou seja, o gozo possibilitado pela diversidade de experiências na leitura, bem como a ampliação do horizonte possibilitada por meio desta, isto é, a percepção do leitor das hipocrisias sociais, bem como a compreensão de seu mundo e de si mesmo; por outro lado, a possibilidade utópica e doutrinadora que esta experiência pode possibilitar, principalmente quando em interação com leitores ingênuos.
Este trabalho tem como objetivo fazer uma leitura de “A hora e vez de Augusto Matraga”, uma novela de Sagarana (1983) de João Guimarães Rosa, assim como, por conseguinte, analisar a recepção dessa novela com base em três textos, a saber: Rolim (2005), Sousa (2014) e Oliveira (2015). Ao tomar como base a ideia de Ricoeur (2013), sobre o mundo do texto, bem como a de que o texto literário seja de natureza discursiva, concretizando-se como um evento; a ideia de Jauß (1994a/1994b) de que o texto literário não surge num vácuo, pois não é de todo estranho ao seu público, bem como sua ideia de que a experiência estética se divide em dois momentos, um de identificação e outro de crítica (JAUß, 1974); da mesma maneira como consideramos a ideia de Candido (2015) sobre a paradoxal existência do personagem; dentre outros pensamentos. Com base nessas ideias, visamos discutir a recepção da novela que apontamos como nossa base de análise e discussão.