A Imaginação Poética do Corpo de baile rosiano propõe uma leitura do entrelaçamento das imagens do livro de Guimarães Rosa, a partir do princípio de composição da obra, da relação estabelecida entre as partes e o todo. Imaginação refere-se à consciência que, em autodesdobramento, conjuga ato criativo e reflexão crítica. O livro é o leitor de si mesmo, em “parábase permanente” e indissociável da expressão poética da palavra reveladora de mundividência e forma originais. Imaginação poética corresponde ao verbo, à criação material e dinâmica da linguagem sintonizada ao velamento e desvelamento cosmogônico. Iniciamos a Tese com a concepção editorial do livro, com o pensar poético vinculado a índices e epígrafes. Posteriormente, no segundo capítulo, realizamos a interpretação das novelas, com as quais descerramos o corpo imagético de Corpo de baile. Em autodesdobramento, tal como a imaginação criadora, retornamos aos capítulos anteriores, que sinalizam a tessitura, o espelhamento das parábases e estórias rosianas.
Na obra de João Guimarães Rosa, a loucura não é apenas um tema recorrente. Os loucos apresentam-se intimamente relacionados à poética do autor, são detentores de sabedorias que superam o campo estritamente racional, são seres ligados ao mundo profético, à poesia, à criança e a todos os elementos que simbolizam o homem criativo. A partir de uma das sagas de Corpo de baile e de algumas das estórias que compõem a obra Primeiras estórias, este trabalho propõe um estudo de personagens que vivem à margem da razão, de modo a entender a singularidade do desatino rosiano.