Escola de Comunicações e Artes
O presente trabalho trata, especificamente, da tradução intersemiótica do romance Grande Sertão: Veredas no formato minissérie que se constituiu em paradígma das obras literárias adaptadas para a televisão, tanto no Brasil, quanto no exterior. Isto porque o romance de João Guimarães Rosa é considerado pela crítica especializada, como um texto que apresenta todas as dificuldades possíveis, juízo válido para qualquer modalidade de tradução, principalmente, para tradução intersemiótica. Neste sentido, os profissionais que se incumbiram da tradução interlingual (italiano, francês, espanhol, inglês e alemão -principalmente) confessaram estas mesmas dificuldades: o livro reune elementos articulados em vários níveis de sentido. Os temas, os sub-temas, os causos, as várias histórias-estórias estão sobrepostos em camadas, acumulando questões que, filosoficamente, podem ser vistas como mapeamento da alma humana. As soluções complexas, adotadas como procedimentos tradutórios técnicos e poéticos, enfrentaram o desafio da desmontagem e posterior montagem dos eventos e acontecimentos do texto literário, linearizando-os, esteticamente, em uma coluna vertebral que, do ponto de vista semiótico, rearticula e reorganiza os discursos. Tais dicursos, reconstruídos por meio das imagens são, paradoxalmente, autônomos e ao mesmo tempo, por equivalência, devem manter estreito vínculo com o texto de partida. A relação da literatura com a televisão é complexa porque, inevitavelmente, a história do livro e o lugar que ocupa na cultura erudita é sempre comparada com a história da televisão, não só como meio novo mas em sua relação com a cultura popular folhetinesca. Há muita riqueza nesta relação em que conceitos e valores são revistos na ruptura entre a tradição e o novo. Deste modo, pode-se pensar o livro e sua tradução visual, considerando o novo formato eletrônico em função, dos novos condicionamentos que implicam, especificamente, ) em novas apreensões de textos literários ou não-literários, eliminando, assim, os limites entre o verbal e o não-verbal, entre palavra e imagem. Em nossas análises, as semióticas em seu conjunto, com suas formulações teóricas, abertas a estas novas operações, tornaaram-se eficazes, reunindo argumentos à problemática da tradução de textos verbais em não-verbais, portanto, delimitá-las serira ir contra os imbricamentos entre arte e ciência, operados pela semiótica atual, por meio de revisão e atualização dos seus conceitos. Assim, no contexto tecnológico de produção de imagens, as hierarquias até então existentes desapareceram e em seu lugar, categorias como o intertexto e o hipertexto complementam os processos de apropriação, produção e leitura de textos, amalgamados em palavra e imagem.