Neste artigo lançamos um olhar sobre a trama simbólica presente na adaptação teatral do conto Sarapalha e o processo criativo do encenador. Procuramos apontar o elemento que, segundo nossa hipótese, serviu como ponto de convergência entre as duas linguagens: o fogo.
Neste trabalho procura-se reconhecer alguns dos principais elementos dramático-cênicos presentes no conto "Sarapalha", de Guimarães Rosa, atentando, sempre que possível, para a estreita relação entre a obra literária e a sua adaptação para O palco, realizada pelo grupo de teatro Piollin. Neste jogo simbólico, procuramos abordar, de maneira sintética, algumas das principais questões, presentes às discussões contemporâneas, sobre a problemática da linguagem artística, seus códigos, fronteiras e disseminações. Para tanto, dividimos o trabalho em três itens que se intercruzam, a saber: 1) diálogo e dicotomias entre o teatro e a literatura; 2) do discurso teatral presente na narrativa; 3) da bifurcação entre imagem literária e imagem cênica.
Este artigo busca explorar a condição do narrador performer no conto “Sarapalha”, de Guimarães Rosa. A partir da construção das personagens no universo da ficção, parte-se para articulação entre o campo da performance e da literatura, explorando os signos que desestabilizam as categorias de espaço, tempo e ação. A abordagem priva pela aproximação das categorias narrativas com as categorias performáticas do texto, apontando os índices simbólicos e as estratégias de construção e elaboração presentes no universo rosiano. Para tanto, privilegiou-se o cruzamento entre o narrar e o performatizar como ações da escritura, bem como os níveis de materialidade e fisicalidade contidos no conto.