O presente artigo analisa a relação entre o homem e a natureza a partir da abordagem das obras de Carlos Drummond de Andrade e João Guimarães Rosa. Na poesia e na prosa desses autores, é possível perceber a preocupação com a preservação do meio ambiente, de forma militante e aguerrida em Drummond e de um modo mais simbólico e indireto em Rosa. Os recentes desastres ecológicos nas barragens da Vale em Mariana e Brumadinho trouxeram à tona questões prenunciadas em poemas como “Canto mineral” do escritor itabirano, ou em narrativas como “Uma estória de amor” do autor de Grande sertão: veredas. O tensionamento entre progresso e preservação está no cerne das discussões contemporâneas, num contexto em que nossas florestas estão ameaçadas por um projeto explorador nocivo, apoiado pelo próprio governo federal, que enfraquece órgãos de fiscalização na mesma proporção em que permite a ação de garimpeiros e pecuaristas em áreas que deveriam ser protegidas pelo Estado. O resgate dessa temática na obra dos autores mineiros lança luz sobre um assunto de extrema urgência e nos permite refletir criticamente sobre o mundo contemporâneo.
Neste trabalho, analiso a obra Corpo de baile de João Guimarães Rosa, buscando resgatar sua unidade estrutural, comprometida com a fragmentação editorial do livro a partir de 1964. Para tanto, focalizo o personagem Miguel, índice da coesão interna da obra, por seu papel das novelas "Campo geral" e "Buriti".