Este artigo propõe uma leitura analítica de “A estória de Lélio e Lina” de Guimarães Rosa, tendo como principal objetivo demonstrar a influência da presença de temas míticos na composição das categorias narrativas. Para isso, elaboramos uma apresentação teórica a respeito do mito e utilizamos as propostas de Gérard Genette, principalmente no que diz respeito à voz e à focalização, bem como textos de críticos que se debruçaram sobre a obra de Rosa.
Este estudo demonstra os efeitos estéticos produzidos na estrutura da narrativa a partir da escolha da temática da conversão do pecador em santo no conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, parte do livro Sagarana de Guimarães Rosa. Além disso, também analisa os efeitos de sentido advindos do fato de o narrador declarar, em seu início, que o conto se trata de uma “estória inventada” e embasar sua construção na ideia da tríade. O referencial teórico é composto de estudos estruturalistas, em especial, de Genette, e artigos críticos sobre a obra de Guimarães Rosa.
O objetivo deste estudo é o de fazer uma leitura analítica do espaço narrativo no conto "A volta do marido pródigo", de Guimarães Rosa (1976). Tomando por base as concepções de Antonio Candido no artigo "Dialética da malandragem" (1993), em especial a da equivalência entre a ordem e a desordem, e com o amparo do artigo de Ivone Pereira Minaes, "A linguagem malandra em Guimarães Rosa" (1985), demonstra-se que Lalino Salãthiel, protagonista da narrativa, estabelece-se em três localizações espaciais distintas, cada uma delas correspondendo a um momento de sua peregrinação: o hemisfério da ordem, o hemisfério da desordem e, por fim, um hemisfério de equivalência entre a ordem e a desordem. Cada um destes espaços é cuidadosamente analisado com base principalmente nas proposições de Osman Lins no que se refere aos conceitos de atmosfera, ambientação e funções do espaço narrativo.
Este trabalho consiste na análise da narrativa “A estória de Lélio e Lina” de Guimarães Rosa, centralizando-se na observação da relação existente entre as personagens femininas que entram em contato com o protagonista dessa obra e naquelas que fazem parte da trajetória de Riobaldo em Grande sertão: veredas. A análise da estrutura narrativa é feita centrando-se nos elementos que a aproximam da definição de “narrativa poética”, terminologia proposta por Tadié. Assim, observa-se que a poesia e o mito têm importância fundamental na elaboração artística do autor: o espaço – a fazenda do Pinhém – é, de fato, um espaço mágico e mítico, recuperando o arquétipo do paraíso perdido; o tempo narrativo é cíclico, sugerindo a idéia de um não-tempo, ou tempo primordial, de origem das coisas; o narrador, apesar de exterior à história em questão, sempre segue a visão de Lélio, o protagonista, assumindo características de um eu-lírico. Além disso, é feito um estabelecimento das similaridades entre cada uma das personagens femininas que entra em contato direto com Lélio - Sinhá Linda, Jiní e Rosalina – e aquelas que se relacionam a Riobaldo – Otacília, Nhorinhá e Diadorim. Essa parte da análise tem o objetivo de esclarecer que papéis tais personagens femininas desempenham na busca dos protagonistas e demonstrar que existem similaridades entre a trajetória de Lélio e de Riobaldo.