Neste estudo, coteja-se heresias que povoam o imaginário popular brasileiro. Supõe-se que a Inquisição e o exílio de cristãos novos (hereges) no Brasil - importante contingente na formação da população no País - contribuiu significativamente para difusão de ideias provenientes de heresias condenadas ao mesmo tempo em que promoveu a assimilação de anátemas contra tais heresias.
O TEMA do centro é trabalhado simbolicamente em Grande sertão: veredas. Ele é construído mediante uma série de recursos discursivos e narrativos, tem fontes as mais diferentes e engloba diversos sentidos, inclusive por conter os elementos básicos de que é feito o mundo, segundo os antigos. Diversos sentidos e seus recursos são apresentados neste artigo. A pedra de toque é dada pela positividade. É que dentre tantas leituras de Guimarães Rosa, e no momento em que a tendência é a de ler o grande romance como reflexo da história, vale a pena ressaltar que a sua marca fundamental é a esperança na mudança, na reviravolta, no resgate, na vida enquanto conditio sine qua non da travessia. Positividade que não exclui o negativo - positividade includente.
Valdomiro Silveira reduz sua narrativa "Salvação" à história de animais, sem ser uma fábula, e inclui-se no conjunto de obras que, para evitar a explicitação do erotismo, encobre o amor com medo. "A hora e vez de Augusto Matraga" não camufla o erotismo e dá sentido à personagem e ao texto, aproveitando como forma a saga nordestina (cordel), a história de vida de santos, o tema do "Judeu Errante" e a parábola. A força dos contos de Sagarana advém do sistemático aproveitamento dos pequenos gêneros, que se encontram na oralidade e que servem de base tanto para a produção, como para a recepção de textos ou de enunciações. A oralidade, que serve para mostrar o caipira de espiritualidade profunda, é também recurso manutensor do segredo religioso.