O envelhecer assusta a grande parte dos seres humanos que buscam, a todo custo, criar subsídios para garantir uma velhice minimamente tranquila. Entre os temores que assolam a imaginação está o de se ver dependente e desamparado por aqueles que, pelos mandamentos culturais, devia cuidar e amar. Este receio, por vezes verbalizado ou silenciado, reverbera os primitivos traumas que constituíram o sujeito do inconsciente, o que, por sua vez, demonstra o quanto o desamparo nos acompanha desde o dia em que nascemos até o dia em que perecemos. É o caso representado pelo conto Fita Verde no Cabelo – Nova velha história, escrito por Guimarães Rosa, em 1964. Na narrativa, dialógica com o drama de origem europeia Chapeuzinho Vermelho, Fita-Verde é uma garota desajuizada e sonhadora que busca (re)viver os (des)caminhos trilhados pela antecessora, enquanto leva para a avó uma cesta de doces. Lá chegando, em lugar de se deparar com um animal feroz, presencia a agonia da matriarca da família que morr