Até que ponto o aprimoramento intelectual possibilitou a melhoria nasrelações sociais entre campo e cidade em meados do século XX? A hipótese é a de que asimagens articuladas e expostas por importantes intelectuais estavam muitas vezesvinculadas a uma suposta necessidade de políticas públicas governamentais dirigidas aohabitante do campo. Mesmo que pareça óbvia, a constatação nos leva a pelo menos duasquestões: o mascaramento de uma construção humana superficial, qual seja, a idéia deEstado democrático, pautada em uma pseudo-unidade política, social e cultural, quandonão racial; e, por conseqüência, a subjugação de grupos sociais marginalizados, dos quais ohabitante do campo é apenas um exemplo. Para a avaliação deste problema em meados doséculo XX, há dois textos fundamentais, por unirem três dimensões importantes para sepensar o problema da representação e homogeneização estatal: 1) tratar-se de obras derelevância literária e acadêmica; 2) serem centrais no debate sobre a relação campo-cidade;3) manterem diálogo com o pensamento acadêmico de sua época. Estas obras, das quaistrata o artigo, são Tristes trópicos, de Claude Lévi-Strauss, e Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa.
Nas experiências da liminaridade e da aprendizagem, no impulso mítico que propicia horizonte e catábase encontramos as possibilidades de leitura do conto “Nada e nossa condição”. O homo viator explicitamente é Tio Man’Antônio: “transitório”, “transitoriante”, “transitoriador”, muitos modos que é denominado, e nos mostra seu caminho.