Este trabalho procura discutir alguns aspectos do mito do eterno retorno indiciado no conto “Arroio das Antas”, integrante de Tutaméia: terceiras estórias (1967) de João Guimarães Rosa. No conto, a conotação simbólica revelada pelas imagens recorrentes na caracterização da personagem feminina, focaliza aspectos que evidenciam o papel da mulher associado à Cosmogonia e ao sentido de retorno às origens.
Guimarães Rosa considera a literatura um ofício sagrado, cuja importância exige daqueles que se empenham nesta função muita seriedade e compromisso, assemelhando-se a um verdadeiro sacerdócio. Tutaméia (Terceiras Estórias), último livro publicado em vida pelo autor, em 1967, está envolto por uma atmosfera mítica, pois, para muitos críticos, nesta obra, Rosa sintetiza todo o seu legado poético. Tendo em vista que o mito revela “uma história sagrada”, este artigo objetiva apresentar que Tutaméia (Terceiras Estórias), como um todo, adentra as esferas do mítico, bem como há, de modo particular, nos contos “Curtamão” e “Presepe”, um retorno ao sagrado.