Neste trabalho procuramos apresentar o papel que desempenham os nomes de personagens nas narrativas de Tutaméia de João Guimarães Rosa, destacando o modo pelo qual se desenvolvem a poeticidade da forma e a relação entre o sistema onomástico e a construção da história narrada. A análise aborda os textos de Tutaméia à luz dos nomes de seus personagens, acata o problema do nome próprio como um elemento que não se restringe apenas a designar o personagem. Aqui o nome é apreendido enquanto ponto de referência poética e enquanto recurso expressivo da realidade subjetiva do sujeito nomeado. O objetivo que se impôs ao presente trabalho foi observar o modo pelo qual o Nome assume o estatuto de um signo, como opera a função de denominar, explicar, fixar e expor peculiaridades do personagem e da estrutura narrativa, de que maneira a expressividade do significante referenda coisas ditas e não ditas no conteúdo narrado. Na análise do "nome próprio rosiano", percebemos que as possibilidades oferecidas pelos componentes materiais que o constitui - visual e sonoro - estabelecem relações inesperadas de significação. Nesse sentido, o Nome é concebido como um recurso estilístico que se desdobra em significados para tornar-se um plurissigno, sustenta a ambigüidade do discurso narrativo e aponta a fluidez e a ambivalência subjetiva da realidade de seu portador. Sob tal enfoque, não consideramos o nome próprio como elemento exterior à narrativa literária, uma vez que, na obra de Guimarães Rosa, seu efeito depende das relações que se estabelecem no texto. Consideramos que o Nome rosiano é um signo motivado que apresenta uma relação direta entre o significante e o referente, é uma marca de individuação do personagem e se constitui como traço peculiar na construção da narrativa.
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