O texto que apresentamos a seguir tem como objetivo demonstrar a alegria, a esperança como valores fundamentais presentes na obra de Guimarães Rosa. Para verificação desta hipótese, escolhemos alguns textos que trazem a criança como personagem principal e a infância como tema básico das narrativas. O enredo dessas narrativas infantis desenvolvem-se em ambiente onde a natureza se apresenta de forma anímica e até mesmo mágica, tomando-se, dessa maneira, cenário propício para a fantasia e a imaginação infantis e também funcionando como personagem através da personificação. Com a natureza, as crianças estabelecem uma relação filial e de irmandade. Desse modo, ela vai suprir os afetos e facilitar a passagem das personagens para outros estágios de crescimento. A escolha destes textos se deu por percebermos a pertinência, e o imbricamento entre a esperança e a infância. Estas duas categorias ou estes dois valores apontam para o futuro, para as possibilidades de o homem sempre acreditar no devir e na capacidade de recomeçar. A esperança como tema rosiano, entretanto, não deve ser compreendida de forma redentora e salvacionista. Ela é, antes, um "afeto da espera". Está quase sempre numa permanente mudança. É o efêmero instante de alegria diante da instabilidade e insegurança da vida humana.
A infância, por sua vez, é o lugar onde o poeta vai colher as imagens através da memória para criar suas estórias imaginárias. Une, portanto, memória e imaginação. Essas imagens são mantidas através da "infância permanente" que se conserva na vida do escritor. Desse modo, verificamos nos textos de Rosa a junção da infância à esperança resultando na prosa poética que traz, em sua natureza, o lúdico como essência. O aspecto lúdico, a infância como um valor e a poesia vão, pois, unirem-se pelas similaridades para compor esse mundo de esperança criado pelo autor. A criança, vista pelos olhos do escritor mineiro, será também aquela que, pela sua singularidade, está à margem. Trata-se, portanto, da alteridade da infância. Neste sentido, algumas personagens analisadas são, a um só tempo, criança, louca (boba, tola, desajuizada) e poeta. Assim, portanto, compõe-se o enredo da tematização da infância como o coração da esperança em Guimarães Rosa.
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