O presente ensaio se propõe a analisar os contos A terceira margem do rio do escritor mineiro Guimarães Rosa, Travessia de Sérgio Faraco e O anjo da Vitória de João Simões Lopes Neto, escritores gaúchos. Foi observado, a partir da narrativa de três crianças, a tentativa de enxergar heróis nas figuras: o pai que buscou refúgio em uma canoa no rio, a busca pela sobrevivência do tio marginalizado e a morte precoce do padrinho na guerra. Os autores, através de seus heróis fragilizados, abordam de maneira particular o drama essencial, entre si mesmos e o mundo, através da imaginação das crianças que se envolvem com o arquétipo de seus heróis românticos. Considerando as referenciadas temáticas, ditas universais, algumas questões acerca da literatura regional foram ponderadas.
A obra “Sagarana”, de Guimarães Rosa, torna-se singular à medida que suas as narrativas são constituídas de marcas particulares: linguagem, traços e marcas inerentes ao sertão mineiro. Fazendo abordagens a partir dos contos de “Sagarana”, o objetivo do presente texto é desenvolver algumas discussões sobre região, regionalidade, regionalismo e regional no campo da literatura, percebendo que cultura e identidade, bem como produções discursivas caracterizam, simbolicamente, uma região; reflexões possíveis a partir das contribuições de Arendt (2012), Barcia (2004), Bourdieu (1996), Certeau (1994), e Joachimsthaler (2009). No tocante aos contos, é possível qualificá-los como regionais, ao passo que transcendem aspectos como linguagem, léxico, visões de mundo, costumes e substratos míticos, constituindo traços pertencentes a uma região.