Neste estudo, o rio Amazonas desempenha simbolicamente a função de uma espécie de "banda larga", de forma a articular questões político-sociais levantadas pelo filme Diários de motocicleta, dirigido por Walter Salles, com os sentidos simbólicos do conto "Orientação", de João Guimarães Rosa, do romance A jangada, de Júlio Verne, e do romance Dois irmãos, do amazonense Milton Hatoum. As aproximações críticas, que se valerão das contribuições críticas de Mariátegui, entre outros, problematizarão as imagens do rio e da região amazônica.
Este trabalho propõe o estudo comparativo entre Guimarães Rosa e Mia Couto. O corpus é
composto pelos contos “A terceira margem do rio”, do escritor brasileiro e “Nas águas do
tempo”, do escritor moçambicano. Buscamos mostrar através do diálogo entre os escritores
como o hibridismo cultural aparece nas respectivas narrativas. Demonstramos a relação
existente entre o hibridismo cultural e o entre-lugar no plano discursivo. Realizamos um
comparatismo solidário, o comparatismo que enfatiza a troca cultural, o diálogo entre as
literaturas tal como definido por Benjamin Abdala Júnior. E fundamentamos o hibridismo de
acordo com o conceito de Homi K. Bhabha. Para o referido teórico o hibridismo é um terceiro
espaço no qual são produzidas novas significações. Em relação ao entre-lugar, termo cunhado
por Silviano Santiago, usamos conceitos estabelecidos pelo referido autor. Ao fim do estudo
concluímos que o imaginário ficcional dos autores estudados são similares e que a imbricação
entre os discursos do entre-lugar e do hibridismo cultural nos contos evidenciam o diálogo entre
as Literaturas brasileira e moçambicana.