Sapato Vermelho
O homem calçou sapatos vermelhos,
ninguém deste lado da rua faria isto,
ele sabia
calçou os sapatos para caminhar pela avenida
acenando aos carros, folhas, sol e brisas
e dar-lhes a grande certeza da vida.
Calçou e caminhou macio, com a elegância de quem
sabe do imponderável destino de ser este dia tudo
que é possível a um homem que caminha pelas ruas.
E a quem interessa donde vai a sua cabeça?
A quem interessa quanto queima em chamas a sua imaginação, no vai e vem das circunstâncias?
O homem calçou os sapatos: ereto, carnívoro,
descrente, frágil, mortal e egoísta.
E ainda assim, desfrutou as delícias de ter
sobrevivido, a caminhar macio pela avenida com os seus sapatos vermelhos.