Feliz 2023
O ano que passou pegou pesado.
Morreu a Elza, morreu o Erasmo, morreu a Gal.
Morreu o Gorbachev, morreu o Godard, morreu o baterista do Foo Fighters, morreu a moça do Grease.
Morreu o Milanés, morreu o Bruno Latour.
Morreu a rainha Elizabeth, morreu o rei Pelé.
Morreu, mais uma vez, o sonho do hexa.
Morreu a paciência inúmeras vezes; morreu, outras tantas, a vontade de seguir no propósito de fazer sempre o certo (mas o que é o “certo”?)
Morreu, ainda, uma porrada de gente vítima da covid, ao passo que morreu, em muitos, o medo de morrer disso.
Morreu meu gato Godofredo, o mais idoso dos felinos dos telhados de Tibiriçá do Paranapanema.
Quase morreu meu computador, que, bravamente, resiste aos anos de uso e à lentidão de seus softwares enquanto escrevo essas palavras.
Morreu um tanto de gente, um tanto de bicho e um tanto de coisa, mas renasceu a esperança quando o fascista – o verme imundo idolatrado pelos Gados do Brasil, sobretudo nos pastos pirajuenses – perdeu a eleição.
Renasceram as expectativas de um futuro melhor e mais justo.
Renasceu a lembrança de que o sol brilha mais bonito depois da tempestade e de que, depois que tudo dá errado, os caminhos se abrem para que tudo dê certo.
A vida pulsa, por mais que a gente morra um pouquinho todos os dias.
Que as coisas boas da vida prevaleçam sobre as ruins em 2023. Ainda é tempo: feliz ano novo!
* Naomi Corcovia é jornalista e ativista ambiental.