Da Suméria ao Guarani

 

Na mão além da faca e do medo,
A boca sem verbo e adjetivo.
O sangue corrompido de amarguras e a inveja encrostada na pele.
Os desejos avulsos na ilusão,
Nossas ilhas esperando o novo dilúvio e sem dúvidas que seria melhor ter o peito esmagado pela força da pressão.
Alívio, um momento de arrependimento, logo agora que já arranquei as artérias da prisão.

Vedes, como nossos corpos caem.
Um a um, sem remorso e sem perdão.
Yahweh, sua ira já nos consumiu desde que seus anjos roubaram nossos filhos.
Alô, para seus inimigos, que resistiram até o último suspiro.

Do forcado do demônio aos grilhões de aço fundido, com seu Salmo amaldiçoado.
A labuta e o escravagismo.
Liberdade? Ela tem cor. Não. É branca como sempre foi.

À nós, nem estátuas, instrumentos e só calúnia e mais desgraças.
E esquecemos que por muito menos fomos feridos pela mortal adaga.

Se fosses justos, deitariam com a cabeça sob a lâmina da guilhotina,
E mesmo assim, deverão até que a eternidade esqueçam suas dívidas. Mas nós não.
Pois a ferida arde por milênios e a terra nunca esqueces teus filhos malditos.

“Agora entre meu ser e o ser alheio, a linha da fronteira se rompeu”
Sabedoria de Salomão,
Rei dos reis de outrora.
Rico em matéria e pobre de alma.
Gilga, Noah e Decalião…
Testemunhas da Grande Ira,
Veja a nova inundação e quem será digno de embarcar a grande embarcação

* Pasqualin é escritor e ativista cultural.