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Luiza Caires, jornalista de Ciências e divulgadora científica

É fato que hoje em dia há muito mais volume de informações e um acesso maior a elas. No entanto, a ilusão do acesso ao conhecimento “rápido” deu ainda mais espaço para quem propaga desinformações e para fontes aparentemente qualificadas que replicam informações sem evidências científicas, principalmente durante a pandemia de Covid-19.

Cada vez mais temos acompanhado ações coordenadas de desinformação, entre as quais as populares fake news, por diversos grupos espalhados pelo mundo com o intuito de desacreditar, por exemplo, a Universidade, a Ciência, a pesquisa e o Jornalismo.

         Robôs espalham milhares e milhares de fake news todos os dias, confundindo propositalmente a população em nome de interesses criminosos. A verdade, infelizmente, é que estamos vivendo uma onda de obscurantismo e negacionismo. Portanto, qualquer ação de combate à desinformação, principalmente no que se refere a um jornalismo, uma universidade e uma ciência cada vez mais críticos, são de suma importância.

         É nesse sentido que essa coluna nasce. A ideia é apresentar aos leitores personagens, iniciativas, pesquisas, livros ligados ao jornalismo científico ou ao jornalismo de ciências que contribuem para uma sociedade mais bem informada.

         No mês dedicado às mulheres começamos com a jornalista e mestre em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, Luiza Caires.

         Se você é usuário ativo do Twittere, nos últimos dois anos, procurou informações sobre a pandemia nessa rede social deve ter se deparado com postagens da nossa personagem.

         O estudo do Science Pulse (ferramenta para monitorar o debate científico nas redes sociais), em parceria com o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD), com apoio do Instituto Serrapilheira e International Center for Journalists (ICFJ) realizado em 2020 e 2021, que lista as vozes da comunidade científica que mais se destacaram nas redes, especialmente no Twitter,traz @luizacaires3 como um desses nomes. Em 2020, por exemplo, ela foi apontada como o segundo perfil mais influente.

         Luiza Caires é a editora de Ciências do Jornal da USP (jornal.usp.br) e das mídias sociais Ciência USP (@cienciausp), mas sua trajetória no jornalismo científico/divulgação científica tem mais de 15 anos.

         Ela já foi repórter da Agência USP de Notícias, veículo de divulgação de pesquisas da Universidade para a mídia; repórter e editora do Portal da USP; produziu conteúdo de ciências e tecnologia para publicações da Editora Abril e Folha de S. Paulo, além de ser autora do De cientista para jornalista: noções de comunicação com a mídia em parceria com Aline Naoe, no ano de 2018, voltado aos pesquisadores da Universidade de São Paulo, para auxiliá-los na divulgação de seus trabalhos e relacionamento com as mídias internas e externas.

            No dia-a-dia de redação do Jornal da USP Luiza faz o trabalho de repórter, editora e de relacionamento ao receber as propostas de pautas e também ao contatar pesquisadores. Em uma entrevista realizada em 2020 com a jornalista como parte da minha pesquisa de doutorado, ela explicou: “As pessoas me procuram muito tanto para publicar pautas quanto para falar de outras coisas, participar de projetos, levar o Jornal da USP para outros projetos. (…) Também faço muita conexão com programas de divulgação cientifica paralelos que tem nas unidades (…) Eu partilho conteúdo, convido o pessoal dessas unidades para falar nos canais do Ciências USP ou da USP, faço interlocução com os pesquisadores para ver o que está acontecendo dentro de cada departamento”.

         Foi também em 2020, em função da pandemia, que Luiza começou a produzir as lives para o Canal Ciência USP no Youtube. “Primeiro vieram as webinars, mas eu ressalto que não as vejo com essa característica fechada de aula, parecia mesmo uma live porque acabava acontecendo a entrevista, o debate. Como percebemos o interesse, agora vamos fazer as lives em si com temas livres. Eu organizo tudo e dá trabalho. Penso na pauta, identifico quem tem o que falar, faço os convites, a produção, um roteiro para tornar tudo mais dinâmico”. Ao todo foram realizados cinco webinares e dez lives.

         Paralelamente ao trabalho desenvolvido no Jornal da USP ela também faz divulgação científica de maneira independente em seus perfis nas redes sociais, participa de palestras e eventos voltados à divulgação científica. No debate intitulado Diálogo entre gerações,realizado de forma virtual em setembro de 2021, como parte do 1º Congresso Brasileiro de Divulgação Científica, Luiza disse acreditar que “a pandemia foi um curso para saber falar com todos os públicos e não só com quem já gosta ou procura esse tipo de informação. Tem que falar como a Ciência funciona, como é o processo de produção, os métodos.”

         Outro destaque da jornalista é a curadoria do conteúdo disponibilizado na newsletter semanal e gratuita sobre ciências Polígono, do Núcleo Jornalismo como parte do projeto Science Pulse com apoio do Instituto Serrapilheira.

         Quer conhecer mais sobre o conteúdo produzido pela jornalista. Acesse:

@cienciausp

@luizacaires3

https://www.nucleo.jor.br/newsletters/poligono/

https://jornal.usp.br/

https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/2018/11/de-cientista-para-jornalista-FINAL.pdf

Autora: Carla de Oliveira Tôzo, jornalista e mestre em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo, doutoranda em Comunicação pelo PPGCOM-ECA-USP, professora universitária no Centro Universitário FMU|FIAMFAAM.