texto: Circe Bonatelli
Fotos: Cecília Bastos e Francisco Emolo

arte sobre imagens do gettyimage.com



 

 

Crédito: Cecília Bastos
Professor Clóvis de Barros Filho

 

"Não é possível fazer política sem sujar as mãos.” Depois do ator Paulo Betti ter dado essa declaração, os jornais ocuparam muito de suas páginas para repercutir a infeliz frase, apropriada pela mídia como símbolo da irresponsabilidade ética. No entanto, a discussão não passou de consultas a membros da classe artística e homens da vida pública. Em um momento decisivo para a história do País, os princípios éticos continuam diluídos pelas disputas eleitorais e pela corrupção que parte, inclusive, de outros setores sociais. Nesse contexto, discutir ética significa mergulhar no cotidiano do cidadão comum antes de chegar ao Congresso.

“Não há menos ética no jogo político do que nos demais jogos”, afirma Clóvis de Barros Filho, cientista político e professor da ECA (Escola de Comunicações e Artes). Na sua interpretação, a classe política é altamente representativa da sociedade porque ambas demonstram falta de compromisso com assuntos públicos e priorização em defender interesses pessoais. “Estamos diante de um jogo de forças em que as pessoas vão usar suas prerrogativas no limite máximo para alcançar seus objetivos”, garante.

“O que evitaria posturas ilícitas de um homem público seria seu medo em ter a carreira prejudicada por mal comportamento. Porém, essa situação é até motivo de pândega. O grande censor é o povo, que demonstra cabal falta de interesse e conhecimento das coisas públicas.” Prof. Barros

Crédito: Cecília Bastos
“Precisamos de reeducação para dar respeito e sermos respeitados.” Leninha

 

Os princípios que norteiam a conduta social deveriam prevalecer em todas as instâncias. Pelo menos, é isso que as pessoas acham. Numa enquete realizada pela revista Espaço Aberto, foi questionado se a ética no Congresso deveria ser diferente da ética no cotidiano do cidadão comum. Nas respostas, a maioria afirmou que não.

A funcionária Leninha Baptista, do Departamento de Projetos Comunitário, no Centrinho em Bauru, deu até um exemplo: “A ética não deveria mudar em nenhum ponto. Não é diferente devolver uma moeda que caiu do bolso e devolver maletas cheias de dólar”. Já a funcionária do Hospital de Anomalias Crâniofaciais , Jacilene Fernandes, fez outras considerações: “O Congresso Nacional representa e dá exemplo ao povo, além de cuidar de assuntos relevantes como aprovação de leis. Por isso, a ética deveria ser mais apurada lá”.

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