Antecipe-se aos remédios

“Quem é ativo vive mais e melhor. Em termos de saúde pública, atividade física é gasto calórico. Isso inclui também ações cotidianas como limpar a casa. Apesar de não haver benefício psicológico, há o gasto de energia”, explica Suely.

Crédito: Cecília Bastos
Professora Suely dos Santos

Crédito: Cecília Bastos
“A TV funcionava a energia solar, não dava nem duas horas ligada por dia. Eu me ocupava com a colheita, organização de feiras de artesanato, muita caminhada e leitura.” Maria Antonieta.

 

 

Foi assim que Maria Antonieta Rodriguez manteve uma boa forma no início da terceira idade. Hoje, a simpática chilena freqüenta as aulas de ioga destinadas a idosos no Cepeusp (Centro de Práticas Esportivas da USP), mas, antes disso, já era bastante ativa. Por um bom tempo, Maria Antonieta trabalhou em sua fazenda de açaí e cupuaçu na região amazônica. “Com aquela vida, era impossível ficar parada. Às quatro horas, eu já tinha servido café da manhã para os caboclos”, conta.

Economia e poupança

A atividade física não só previne doenças, mas também as controla. Controlar significa diminuir o uso dos remédios ou até parar de tomá-los. Uma pesquisa realizada pela Comissão de Esportes Australiana, no final da última década naquele país, transforma esse conhecimento em números: se cada indivíduo fizesse 10% a mais de atividade física, seria possível diminuir em 5% as doenças de coração. Em outras palavras, uma economia de US$ 103,7 milhões para o serviço de saúde.

“Através de uma dieta moderada e exercícios, muita gente reduz e pára o uso de insulina. Em casos de hipertensão leve, isso também é possível”, garante Ricardo Linares, professor do Cepeusp e estudioso de educação física na terceira idade. “Quanto antes uma pessoa começa a se cuidar, menor vai ser a probabilidade de desenvolver doenças. Isso também permite maior qualidade de vida, independência e autonomia para o idoso.”

A partir da quarta década de vida, o ser humano começa a perder 10% da massa óssea e muscular. Depois dos 80 anos, são 30% por década. Esse processo não pode ser revertido, mas sim minimizado com exercícios aeróbicos e de força. “Durante a adolescência, vive-se a explosão do crescimento. É criada uma poupança, ou seja, um patamar de reserva de força. Quando a redução de 10% tem início, os primeiros a sentir as dificuldades são aqueles indivíduos sem muita poupança”, exemplifica o professor Linares.

“Com saúde, o idoso consegue uma vida independente, adequada à sua idade. Ele não vai saltar de pára-quedas, claro, mas não vai deixar de andar sozinho, cuidar da sua higiene, e de sua programação.” – Prof. Ricardo Linares

Crédito: Cecília Bastos
Brígida e Armando Bráz: Flexibilidade é fruto dos hábitos ao longo da vida .

 

 

Há 30 anos, a aposentada Brígida de Paula Braz fez um operação para curar-se da hérnia de disco. “O médico recomendou exercícios, mas eu não tive tempo para fazer. Poderia ter sido diferente para mim, mas ainda dá tempo”, fala. Ela começou a participar das aulas oferecidas pelo Cepeusp e, apesar de nunca ter mantido o hábito de se movimentar, aprova os resultados do exercício: “Aumenta minha capacidade de concentração, flexibilidade e disposição”. Seu marido, Armando Mathias Braz, não só concorda, como também incentiva: “Eu tenho essa consciência desde a ginástica no primário, há 60 anos. Nunca parei de me exercitar, passei por caminhada, ioga, natação e futebol”. Com 77, Armando Braz nem aparenta a idade e se mostra bem disposto durante as aulas e caminhadas no Cepeusp.

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