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Perigo na rede
Quero ver meus ossos! Quem gosta de pneu é borracheiro!
Parece piada, mas esse tipo de apelo é um
dos mais suaves dos que podem ser encontrados
em sites de meninas que fazem apologia
aos distúrbios alimentares.
Nos blogs, espécie de diários
digitais disponíveis na rede, elas
contam suas experiências na luta
pela redução do peso. Nesses
portais são oferecidas dicas mirabolantes
de como driblar a fome. Elas fazem maratonas – uma
ou duas vezes por mês é o
dia de não comer nada – e ensinam
truques de como vomitar ou criar saciedade
no organismo. |
“Pacientes
anoréxicas que, muitas vezes, são
apenas restritivas – não comem –,
entrando nesses sites, passam a ser purgativas – vomitam,
por exemplo. Quando se entra na categoria
da purgação, outros transtornos
psiquiátricos passam a ocorrer”, alerta
Nabuco. |
“As pacientes que melhoram são aquelas que têm a doença diagnosticada
e começam a ser tratadas no máximo três anos depois de seu
aparecimento”. Cristiano Nabuco de Abreu
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Santas Anorexias
e Vomitórios – transtornos alimentares
na história
A anorexia nervosa é um transtorno
que passou a ser classificado pelos médicos
na década de 70. Embora não
seja um quadro psiquiátrico com
longa definição na história,
há registros de que ocorria no passado.
Na Idade Média, algumas mulheres,
como Santa Catarina de Siena e outras santas,
chamadas de santas anoréxicas, desenvolviam
uma restrição alimentar como
forma de alcançar a Deus, de penitência
e purgação de seus pecados.
O diagnóstico de bulimia nervosa
também não é muito
antigo. Porém, sabe-se que na Roma
antiga havia vomitórios. Durante
os banquetes, os convidados se retiravam
e provocavam o vômito com a intenção
de continuar se alimentando, assim, retornavam à mesa.
Ambulim – Ambulatório
de Bulimia e Transtornos Alimentares
É um centro de referência
não só no Brasil, mas em
toda a América do Sul, que se dedica
ao ensino, à pesquisa e ao atendimento. “O
tratamento de bulimia nervosa, psicoterapia
cognitiva somada ao acompanhamento médico
e nutricional, leva a uma boa taxa de recuperação”,
conta Nabuco, coordenador da Equipe de
Psicologia.
A anorexia é diferente, as pacientes
dificilmente aderem ao tratamento, pois
o que é oferecido (aumento do peso) é exatamente
o que abominam. O Ambulim está fazendo
uma experiência inédita no
mundo ao colocar as pacientes anoréxicas
juntas em um grupo de psicoterapia. A prática é condenada
por pesquisadores que acreditam poder haver
competição pelo estado de
magreza. “Montamos esse grupo pressupondo
o contrário, que haveria um apoio
social, e elas reconheceriam na outra a
doença que negam. A adesão
está sendo muito grande”, revela
Nabuco.
O Ambulim possui o ambulatório
de anorexia nervosa, o de bulimia nervosa
e outro que trabalha com adolescentes e
crianças. Cuida também do
transtorno da compulsão alimentar
periódica (TCAP). “Está sendo
montado agora um ambulatório só para
homens, lembrando que 90% dos casos de
transtornos alimentares são mulheres”,
revela o psicólogo.
O Ambulim atende gratuitamente pacientes
originários de qualquer parte do
País. O contato pode ser feito pelo
telefone 3069-6975 ou pelo e-mail ambulim@hcnet.usp.br.
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