Pavor de engordar

 

 

 

 

 

 

 

 

Perigo na rede

Quero ver meus ossos! Quem gosta de pneu é borracheiro! Parece piada, mas esse tipo de apelo é um dos mais suaves dos que podem ser encontrados em sites de meninas que fazem apologia aos distúrbios alimentares.

Nos blogs, espécie de diários digitais disponíveis na rede, elas contam suas experiências na luta pela redução do peso. Nesses portais são oferecidas dicas mirabolantes de como driblar a fome. Elas fazem maratonas – uma ou duas vezes por mês é o dia de não comer nada – e ensinam truques de como vomitar ou criar saciedade no organismo.

“Pacientes anoréxicas que, muitas vezes, são apenas restritivas – não comem –, entrando nesses sites, passam a ser purgativas – vomitam, por exemplo. Quando se entra na categoria da purgação, outros transtornos psiquiátricos passam a ocorrer”, alerta Nabuco.

 

 

 

 

 

 

Francisco Emolo
“As pacientes que melhoram são aquelas que têm a doença diagnosticada e começam a ser tratadas no máximo três anos depois de seu aparecimento”. Cristiano Nabuco de Abreu

 

Santas Anorexias e Vomitórios – transtornos alimentares na história

A anorexia nervosa é um transtorno que passou a ser classificado pelos médicos na década de 70. Embora não seja um quadro psiquiátrico com longa definição na história, há registros de que ocorria no passado.

Na Idade Média, algumas mulheres, como Santa Catarina de Siena e outras santas, chamadas de santas anoréxicas, desenvolviam uma restrição alimentar como forma de alcançar a Deus, de penitência e purgação de seus pecados.

O diagnóstico de bulimia nervosa também não é muito antigo. Porém, sabe-se que na Roma antiga havia vomitórios. Durante os banquetes, os convidados se retiravam e provocavam o vômito com a intenção de continuar se alimentando, assim, retornavam à mesa.

Ambulim – Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares

É um centro de referência não só no Brasil, mas em toda a América do Sul, que se dedica ao ensino, à pesquisa e ao atendimento. “O tratamento de bulimia nervosa, psicoterapia cognitiva somada ao acompanhamento médico e nutricional, leva a uma boa taxa de recuperação”, conta Nabuco, coordenador da Equipe de Psicologia.

A anorexia é diferente, as pacientes dificilmente aderem ao tratamento, pois o que é oferecido (aumento do peso) é exatamente o que abominam. O Ambulim está fazendo uma experiência inédita no mundo ao colocar as pacientes anoréxicas juntas em um grupo de psicoterapia. A prática é condenada por pesquisadores que acreditam poder haver competição pelo estado de magreza. “Montamos esse grupo pressupondo o contrário, que haveria um apoio social, e elas reconheceriam na outra a doença que negam. A adesão está sendo muito grande”, revela Nabuco.

O Ambulim possui o ambulatório de anorexia nervosa, o de bulimia nervosa e outro que trabalha com adolescentes e crianças. Cuida também do transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP). “Está sendo montado agora um ambulatório só para homens, lembrando que 90% dos casos de transtornos alimentares são mulheres”, revela o psicólogo.

O Ambulim atende gratuitamente pacientes originários de qualquer parte do País. O contato pode ser feito pelo telefone 3069-6975 ou pelo e-mail ambulim@hcnet.usp.br.

 

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www.usp.br/espacoaberto