O guia vivo dos direitos humanos

Crédito: Francisco Emolo
“Nunca fui comunista nem tive simpatia porque sou cristão. E como cristão, preciso ser solidário.”

 

Durante os anos seguintes, a atuação de Dallari foi motivo de perseguição política e duros golpes. Na noite anterior à visita do papa João Paulo II a São Paulo, em 1980, o professor foi vítima de seqüestro e espancamento. “Fiquei todo arrebentado, um bando de sujeitos me agrediu num terreno baldio até eu não conseguir ficar em pé mais. Era para servir de recado”, lembra. Voltando para casa, foi levado ao hospital, onde exigiu dos médicos que conseguisse ir ao evento do dia seguinte. “Eu estava escalado para fazer umas leituras na missa do Papa. Eu iria àquela missa nem que fosse a última coisa da minha vida.” E, para espanto dos presentes na cerimônia, ele realmente apareceu, sob os aplausos da população. Àquela altura, a ditadura já não tinha mais muito fôlego.

Apesar de o professor ter tido participação ativa nas várias questões de sua época, principalmente na luta pelos direitos humanos, nunca pensou em engrenar na vida política. Na máquina pública, de 1990 a 1992, foi secretário de Negócios Jurídicos da Prefeitura durante a gestão de Luíza Erundina. “Por convite de uns amigos, fui candidato a vereador quando eu estava na graduação. Candidatura foi só essa vez, mas eu faço política o tempo todo, uma política não partidária. Utilizo o direito como instrumento de mudança social.”

“Eu faço política o tempo todo, uma política não partidária. Utilizo o direito como instrumento de mudança social.”

   

Casado por duas vezes, Dallari vive com a atual esposa numa casa espaçosa no bairro Vila Nova Conceição. Como vice-presidente da Associação de Moradores, trabalhou para expulsar a Daslu da região. Segundo o professor, a loja excedia a área permitida em um bairro residencial. “Chegamos a oferecer óculos para os fiscais. Só eles não viam.”

Dos sete filhos de Dallari, três são professores. Dois dão aulas de direito.

O senhor foi a influência para eles, professor?

“Cada um tem sua idéia própria. Santo de casa não faz milagre...”

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