“O jeito é agir rápido para consertar um erro antes de passar para
a frente.” Cícero de Oliveira
“Admitir o erro é o mais importante, pois você demonstra que teve
um aprendizado e ainda ganha o reconhecimento moral por admiti-lo.” Osvaldo Frota.
“Não buscamos fórmulas predefinidas de comportamento, mas sim estimulamos
a atenção....” Edisson Ussami
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No caso do funcionalismo público,
não é sempre que as instituições
escapam da frieza burocrática e
valorizam um sujeito criativo o bastante
para fazer o trabalho velho de um jeito
novo. Nesse contexto, o funcionário
criativo e o desinteressado acabam tendo
a mesma projeção. Segundo
o professor Mussak, as exceções
ficam por conta de estatais como Banco
do Brasil e Petrobras, que cresceram graças
a uma postura coorporativa diferenciada
e ocupam hoje um posto entre as marcas
mais valiosas do País.
No Departamento de Esporte da EEFE (Escola
de Educação Física
e Esporte), o funcionário Cícero
de Oliveira comenta que o incentivo para
se aperfeiçoar vem do próprio
indivíduo e de seus colegas de equipe. “Errar é muito
frustrante. Às vezes, a coisa é tão
mecânica que não percebemos
onde está o erro. Assinamos, e o
papel vai embora! O aperfeiçoamento
vem com o trabalho em equipe e a liberdade
para poder comentar com o colega onde ele
errou.”
Emoções em jogo
O envolvimento emocional age como uma
barreira. O erro pode vir acompanhado de
críticas e possíveis conseqüências
que mexem bastante com a própria
vaidade, acanhando o sujeito. Na sala de
aula, por exemplo, esse assunto é delicado: “O
professor vê sua imagem fragilizada
quando ele comete um engano”, conta Osvaldo
Frota, professor do Departamento de Filosofia
da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas). “O aluno enxerga
o docente da USP como uma fonte de domínio
completo do assunto, mas é difícil
encontrar alguém que saiba exatamente
tudo. Aí o professor omite um erro
porque teme ver sua imagem arranhada.”
Mais delicada ainda é a situação
de profissionais que não têm
o direito de errar. “É algo que
nos preocupa diariamente”, afirma Edisson
Ussami, médico e membro da Comissão
de Ética Médica do Hospital
Universitário da USP. Casos de omissão,
negligência e imperícia são
motivos para a abertura de um processo
na Justiça. “Para combater os erros
nós não buscamos fórmulas
predefinidas de comportamento, mas sim
estimulamos a atenção e os
cuidados do médico com o paciente
e suas famílias. Muitas situações
desconfortáveis resultam de mal-entendidos,
porque o médico não avisou
adequadamente sobre riscos ou seqüelas”,
explica Ussami.
O cubo ensina
O matemático Piet Hein será lembrado
por um invento: o cubo-mágico, aquele
brinquedo em que o desafio é deixar
cada parede de uma só cor. Existem
mais de 240 formas de resolver o cubo,
mas para todas, o jogador terá que
memorizar as rotações erradas
para não fazê-las novamente.
“Quem já tentou, sabe que dá vontade
de desmontar o cubo e remontá-lo
certo”, brinca o professor Eugênio
Mussak. “Embora a fraude seja possível
no jogo, não tem como desmontar
o mundo e remontá-lo como pareça
certo. A única alternativa é aprender
a viver, o que pressupõe tentar,
errar e tentar novamente. Quem quiser um
atalho pode tentar aprender com o erro
dos outros. De preferência, daqueles
que acertaram no final.” |