Errar faz bem

 


créditos Francisco Emolo
“O jeito é agir rápido para consertar um erro antes de passar para a frente.” Cícero de Oliveira

 

créditos Francisco Emolo
“Admitir o erro é o mais importante, pois você demonstra que teve um aprendizado e ainda ganha o reconhecimento moral por admiti-lo.” Osvaldo Frota.

 

créditos Francisco Emolo
“Não buscamos fórmulas predefinidas de comportamento, mas sim estimulamos a atenção....” Edisson Ussami


No caso do funcionalismo público, não é sempre que as instituições escapam da frieza burocrática e valorizam um sujeito criativo o bastante para fazer o trabalho velho de um jeito novo. Nesse contexto, o funcionário criativo e o desinteressado acabam tendo a mesma projeção. Segundo o professor Mussak, as exceções ficam por conta de estatais como Banco do Brasil e Petrobras, que cresceram graças a uma postura coorporativa diferenciada e ocupam hoje um posto entre as marcas mais valiosas do País.

No Departamento de Esporte da EEFE (Escola de Educação Física e Esporte), o funcionário Cícero de Oliveira comenta que o incentivo para se aperfeiçoar vem do próprio indivíduo e de seus colegas de equipe. “Errar é muito frustrante. Às vezes, a coisa é tão mecânica que não percebemos onde está o erro. Assinamos, e o papel vai embora! O aperfeiçoamento vem com o trabalho em equipe e a liberdade para poder comentar com o colega onde ele errou.”

Emoções em jogo

O envolvimento emocional age como uma barreira. O erro pode vir acompanhado de críticas e possíveis conseqüências que mexem bastante com a própria vaidade, acanhando o sujeito. Na sala de aula, por exemplo, esse assunto é delicado: “O professor vê sua imagem fragilizada quando ele comete um engano”, conta Osvaldo Frota, professor do Departamento de Filosofia da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas). “O aluno enxerga o docente da USP como uma fonte de domínio completo do assunto, mas é difícil encontrar alguém que saiba exatamente tudo. Aí o professor omite um erro porque teme ver sua imagem arranhada.”

Mais delicada ainda é a situação de profissionais que não têm o direito de errar. “É algo que nos preocupa diariamente”, afirma Edisson Ussami, médico e membro da Comissão de Ética Médica do Hospital Universitário da USP. Casos de omissão, negligência e imperícia são motivos para a abertura de um processo na Justiça. “Para combater os erros nós não buscamos fórmulas predefinidas de comportamento, mas sim estimulamos a atenção e os cuidados do médico com o paciente e suas famílias. Muitas situações desconfortáveis resultam de mal-entendidos, porque o médico não avisou adequadamente sobre riscos ou seqüelas”, explica Ussami.

O cubo ensina

O matemático Piet Hein será lembrado por um invento: o cubo-mágico, aquele brinquedo em que o desafio é deixar cada parede de uma só cor. Existem mais de 240 formas de resolver o cubo, mas para todas, o jogador terá que memorizar as rotações erradas para não fazê-las novamente.

“Quem já tentou, sabe que dá vontade de desmontar o cubo e remontá-lo certo”, brinca o professor Eugênio Mussak. “Embora a fraude seja possível no jogo, não tem como desmontar o mundo e remontá-lo como pareça certo. A única alternativa é aprender a viver, o que pressupõe tentar, errar e tentar novamente. Quem quiser um atalho pode tentar aprender com o erro dos outros. De preferência, daqueles que acertaram no final.”

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