texto: Circe Bonatelli
Fotos: Francisco Emolo e Cecília Bastos

 

Cecília Bastos

 

 

 

 

 

Crédito: Cecília Bastos
Ao fundo, imagem da Missão Histórica de Mário de Andrade, em exposição no CCSP. À frente, o “Alemão” – apelido de infância de Grossmann. Embora seja confundido com um estrangeiro até hoje, o professor é brasileiro, descendente de família austríaca e alemã.

 

 

 

 

 

 

Crédito: Cecília Bastos
“É difícil ver uma coleção como a dos museus da USP em outras partes do mundo. Quem é da área sabe o valor.”

 

 

 

 

 


Depois de dirigirem o MAC (Museu de Arte Contemporânea), os professores da ECA (Escola de Comunicações e Artes) Teixeira Coelho e Martin Grossmann estão à frente dos mais importantes centros artísticos de São Paulo. Nesta matéria, eles contam suas experiências dentro e fora da Universidade, além de revelar suas idéias e conflitos para desenvolver políticas de ação cultural na cidade.

Numa sexta-feira à tarde, chegamos ao Centro Cultural São Paulo procurando pelo diretor Martin Grossman. Até sua sala, atravessamos o prédio esculpido entre a rua Vergueiro e a avenida 23 de Maio, no bairro Paraíso. Por lá as salas são ligadas através de passarelas suspensas e paredes de vidro. As transparências nos permitem ver tudo que se passa na biblioteca, sala de exposições ou arena de shows. E encontramos a sala do diretor.

“Só topei a entrevista para divulgar o Centro Cultural”, brinca Grossmann ao receber a equipe do Espaço Aberto . O entusiasmo tem explicação. Há apenas três meses ele assumiu a instituição cujo papel está intimamente relacionado à sua corrente de pensamento: a ação cultural – necessidade de alimentar ambientes de orientação e formação cultural mais próximos da sociedade. “O que o público pensa? O que deseja? É importante você organizar um saber ampliativo que atraia outros sujeitos a mergulharem nesse universo da cultura,” explica.

Grossmann gesticula, arregala os olhos, sorri e se envolve ao falar das novas dimensões e suportes para a arte. A virtualidade é uma delas. Ele pôde trabalhá-la com pioneirismo de 1995 a 1998, quando recebeu a missão de coordenar o conteúdo do portal USP Online. Naquela época, pouca gente tinha uma noção do que era internet. Muito menos, então, poderia imaginar o que fazer com ela.

“Para mim, foi importante porque pude pensar na construção de uma nova mídia, dentro de uma formação muito mais ligada às artes visuais do que à comunicação. No USP Online, fiz diferente do que um jornalista faria. Eu me baseei nas vanguardas do século 20, que são mais transgressoras, expressivas e críticas ao sistema. E também pensam muito na relação entre arte, conhecimento e o social. As vanguardas sempre tiveram a preocupação em relacionar arte e vida.”

E Grossmann também. Em 1985, no final de sua graduação em Artes Plásticas pela Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), ele desenvolveu um projeto de serviço educativo para o MAC, mostrando ao público a concepção da arte contemporânea dentro do ateliê. Foi o pontapé para seu mestrado na ECA e doutorado na Inglaterra, especializando-se em museologia, arte contemporânea, ação cultural e curadorias. De olho nos jovens pesquisadores com ampla formação, a USP lançou um programa para trazê-los de volta ao Brasil. Nessa leva, Grossmann retornou à ECA como professor do Departamento de Biblioteconomia, onde encontrou Teixeira Coelho e foi convidado para integrar o Conselho do MAC, sendo eleito vice-diretor em seguida.

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