Ao fundo, imagem da Missão Histórica
de Mário de Andrade, em exposição
no CCSP. À frente, o “Alemão” – apelido
de infância de Grossmann. Embora seja
confundido com um estrangeiro até hoje,
o professor é brasileiro, descendente
de família austríaca e alemã.
“É difícil ver uma coleção como a dos museus da USP
em outras partes do mundo. Quem é da área sabe o valor.”
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Depois de dirigirem o MAC (Museu de Arte
Contemporânea), os professores
da ECA (Escola de Comunicações
e Artes) Teixeira Coelho e Martin Grossmann
estão à frente dos mais
importantes centros artísticos
de São Paulo. Nesta matéria,
eles contam suas experiências
dentro e fora da Universidade, além
de revelar suas idéias e conflitos
para desenvolver políticas de
ação cultural na cidade.
Numa sexta-feira à tarde, chegamos
ao Centro Cultural São Paulo procurando
pelo diretor Martin Grossman. Até sua
sala, atravessamos o prédio esculpido
entre a rua Vergueiro e a avenida 23 de
Maio, no bairro Paraíso. Por lá as
salas são ligadas através
de passarelas suspensas e paredes de vidro.
As transparências nos permitem ver
tudo que se passa na biblioteca, sala de
exposições ou arena de shows.
E encontramos a sala do diretor.
“Só topei a entrevista para divulgar
o Centro Cultural”, brinca Grossmann ao
receber a equipe do Espaço
Aberto . O entusiasmo tem explicação.
Há apenas três meses ele assumiu
a instituição cujo papel
está intimamente relacionado à sua
corrente de pensamento: a ação
cultural – necessidade de alimentar ambientes
de orientação e formação
cultural mais próximos da sociedade. “O
que o público pensa? O que deseja? É importante
você organizar um saber ampliativo
que atraia outros sujeitos a mergulharem
nesse universo da cultura,” explica.
Grossmann gesticula, arregala os olhos,
sorri e se envolve ao falar das novas dimensões
e suportes para a arte. A virtualidade é uma
delas. Ele pôde trabalhá-la
com pioneirismo de 1995 a 1998, quando
recebeu a missão de coordenar o
conteúdo do portal USP Online. Naquela época,
pouca gente tinha uma noção
do que era internet. Muito menos, então,
poderia imaginar o que fazer com ela.
“Para mim, foi importante porque pude
pensar na construção de uma
nova mídia, dentro de uma formação
muito mais ligada às artes visuais
do que à comunicação.
No USP Online, fiz diferente do que um
jornalista faria. Eu me baseei nas vanguardas
do século 20, que são mais
transgressoras, expressivas e críticas
ao sistema. E também pensam muito
na relação entre arte, conhecimento
e o social. As vanguardas sempre tiveram
a preocupação em relacionar
arte e vida.”
E Grossmann também. Em 1985, no
final de sua graduação em
Artes Plásticas pela Faap (Fundação
Armando Álvares Penteado), ele desenvolveu
um projeto de serviço educativo
para o MAC, mostrando ao público
a concepção da arte contemporânea
dentro do ateliê. Foi o pontapé para
seu mestrado na ECA e doutorado na Inglaterra,
especializando-se em museologia, arte contemporânea,
ação cultural e curadorias.
De olho nos jovens pesquisadores com ampla
formação, a USP lançou
um programa para trazê-los de volta
ao Brasil. Nessa leva, Grossmann retornou à ECA
como professor do Departamento de Biblioteconomia,
onde encontrou Teixeira Coelho e foi convidado
para integrar o Conselho do MAC, sendo
eleito vice-diretor em seguida.
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