Arte, Ação!

 

 

 

 

 

Crédito: Francisco Emolo
Pioneiro ao implantar a disciplina Teoria em Ação Cultural na ECA, Coelho defende uma formação específica para gestores de políticas culturais.

 

 


Crédito: Francisco Emolo
Coelho reforça a arte contemporânea no Masp com a exposição do artista brasileiro Alex Flemming.


“Hoje o MAC é um museu conservador e sem grandes ambições”, afirma o ex-dirigente, que ficou no cargo entre 1998 e 2002. “A minha crítica aos museus da USP é que eles não têm a preocupação do acesso ao universo científico e cultural que se produz. A visitação é pequena. Eu acho um crime a Universidade ser tão corporativa e manter seus patrimônios guardados para um grande público que não existe.”

A crítica de Grossmann tem um pano de fundo. Mas quem conta é o professor Teixeira Coelho, diretor do MAC naquele mesmo período. Fomos até seu encontro, numa sala com vista para as flores que decoram os postes de iluminação da avenida Paulista. O atual curador-coordenador do Masp (Museu de Arte de São Paulo) relembra o seu projeto na USP.

“É um problema deixar as obras do MAC escondidas. Elas estão enquistadas do lado de lá da Marginal Pinheiros. Quando o prédio foi fechado para reformas, levamos a coleção para o Centro Cultural Fiesp, na avenida Paulista. A visitação foi multiplicada por mais de dez. Pessoas muito bem informadas, que freqüentam o circuito artístico, se mostraram surpresas em descobrir as obras que o MAC tem. É difícil o acesso até a Cidade Universitária. Por isso, propus que o museu tivesse uma sede na cidade.”

Mesmo com o projeto definido, ele não deslanchou. O mandato de Coelho como diretor do MAC acabou e, em seguida, faltou força política para levar Martin Grossmann para o cargo de diretor.

Coelho sente-se à vontade para discutir políticas culturais e falar da Universidade. Pára, toma um copo de água e lembra: “Na própria USP me diziam que política cultural não é uma área. Ah, é?!” O desafio culminou no livro Dicionário Crítico da Ação Cultural, em que o professor fala mais sobre um tema que gerou a disciplina Teoria em Ação Cultural, criada na ECA em parceria com o professor Luis Milanesi, atual diretor da unidade.

“Esse programa foi pioneiro no Brasil. Ele visava a pensar a ação cultural em tempos contemporâneos. É preciso especializar profissionais para orientar mediações sem o rabo preso com ideologias, partidos, religiões e empresas,” explica.

Como escritor, Coelho tem uma produção bastante vasta. Ao todo, publicou 35 livros, entre obras acadêmicas, romances e ficções. Chegou a receber indicação para o Prêmio Jabuti, maior prêmio literário brasileiro, por Niemeyer – Um Romance, obra que levou mais de dez anos para ficar pronta. O namoro de Coelho com a arquitetura é longo: cogitou seguir esse curso, fez crítica para revistas especializadas e lecionou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie. Sua graduação, por outro lado, foi menos prazerosa. Formou-se em direito, “mas não dava para advogar em um País sem o menor senso como o Brasil da ditadura militar”. Então, seguiu outros caminhos. Desde 1973 faz parte do Departamento de Biblioteconomia da ECA.

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