1985: Angelita chega ao Hospital das Clínicas de São Paulo, onde estava internado o recém-eleito presidente Tancredo Neves. A médica fez parte do corpo clínico que o atendeu em seus últimos dias de vida.
Em setembro de 2006, Angelita recebeu, das mão do governador Cláudio Lembo, a mais alta homenagem concedida pelo Estado de São Paulo: a Grã-Cruz da Ordem do Ipiranga.
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Apesar disso, o casal Gama tem uma vivência familiar constante: “Nossa família é grande, temos muitos sobrinhos formidáveis. Eles participam de toda a nossa vida, nos ajudam, e nós também participamos da vida deles”. E é geralmente com os sobrinhos que Angelita e Joaquim têm seus momentos de lazer. A médica adora cinema, mas adverte: “Só não gosto de filme muito barulhento, de guerra, pois não faz sentido para mim. Gosto de filmes que têm enredo”. Jantar fora e assistir a teatros e concertos musicais são outros programas que ela procura fazer quando sobra um tempinho, o que nem sempre acontece. “A vida da gente é muito atarefada, mas, em compensação, somos muito gratificados, nosso trabalho é gratificante.”
Angelita aproveita o tempo como ninguém: “O pessoal me pergunta, você gosta de aeroporto e eu digo que adoro. O avião pode atrasar que eu não estou nem aí, basta que eu tenha um livro e um lápis. Assim passa qualquer tempo de espera”. Leitora assídua desde criança, a cirurgiã já leu de Sherlock Holmes a Nietzsche.
Primeira mulher a se tornar professora
titular em Cirurgia no Departamento de
Gastroenterologia da Faculdade de Medicina
da USP, Angelita aprimorou técnicas
cirúrgicas e foi importante na
estruturação, desenvolvimento
e avanço da coloproctologia no
Brasil. Atualmente, é livre-docente
da FM/USP, supervisora da equipe médica
de cirurgia do Hospital das Clínicas,
cirurgiã do Hospital Alemão Oswaldo
Cruz, dona de uma clínica e presidente
da Associação
Brasileira de Prevenção
do Câncer do Intestino (Abrapreci),
entre outras atribuições.
Pelo trabalho desenvolvido na Universidade e por sua luta pela prevenção e tratamento do câncer de intestino, Angelita recebeu, em setembro de 2006, a mais alta homenagem concedida pelo Estado de São Paulo: a Grã-Cruz da Ordem do Ipiranga, entregue pelo governador Cláudio Lembo. Alguns meses antes, a médica já se tornara a primeira especialista latino-americana a ganhar o título de Membro Honorário da Associação Européia de Cirurgia pela carreira médica, prêmio só dado a 17 médicos no mundo até hoje.
Viver a vida da melhor maneira possível é algo que Angelita sempre valorizou: “Os médicos têm a oportunidade de, vendo a morte, aprender a viver melhor, pois a morte é a única coisa verdadeira na vida, é natural. O melhor dessa vida é você estar bem com você mesmo, fazendo o que acredita ser correto, sem prejudicar ninguém”. |