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avançada de comunicação,
que vamos bajular a internet como se tudo
contido nela fosse um avanço.” Eduardo
Bittar
“O ilegal está funcionando como
um ponto de entrada para depois as pessoas
adquirirem conteúdo legal. É um
mercado que ainda está sendo criado”
Fernando Scavone
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Nó e tendências
As iniciativas que conseguem desatar o nó do paradigma legalidade x ilegalidade sobre os downloads na rede ainda são restritas, mas crescentes. Um exemplo é o aumento das vendas de MP3 em sites oficiais como IMúsica, Terra Sonora e UOL Megastore. Esses sites são inspirados no Itunes Music Store, inaugurado pela Apple em 2001. Cada faixa é vendida por preços que variam entre R$ 0,99 e R$ 3,00. A música digital movimentou US$ 1,1 bilhão em 2005, contra US$ 380 milhões em 2004 e anima as gravadoras.
No campo dos programas, segue o movimento pelo software livre, que oferece ao usuário liberdades especiais como código fonte aberto (possibilidade de ajustar o programa às necessidades específicas) e sinal verde para distribuição entre colegas ou no trabalho.
Válido para som, imagem, vídeo, texto e projetos, o Creative Commons está ganhando popularidade. Trata-se de uma licença internacional obtida espontaneamente pelo autor, liberando a cópia, distribuição e exibição de sua obra mediante o respeito a direitos como crédito autoral e uso sem fins lucrativos. O ministro da Cultura Gilberto Gil adotou a licença para seu disco Oslodum, e o deputado federal Fernando Gabeira fez o mesmo para o livro Navegação na Neblina.
“O ilegal está funcionando como um ponto de entrada para depois as pessoas adquirirem conteúdo legal. É um mercado que ainda está sendo criado,” aponta Fernando Scavone, professor do Departamento de Rádio e TV da Escola de Comunicações e Artes da USP. “Mas a tendência é uma guerra de gato e rato. As empresas vão tentar bloquear o acesso para fazer as pessoas comprarem legalmente, mas a outra distribuição vai continuar existindo. Isso vai continuar por um longo tempo.”
O professor de direito Eduardo Bittar também
não vê uma solução
prática: “A tendência é tentar
a voluntária adesão do autor
a uma legalização branda, com
controle do próprio autor sobre o
uso de sua obra em um ambiente de expansão
e democratização do conhecimento.
Ainda assim, pela necessidade de desenvolver
uma forma de controle técnico não
totalitário que ainda não temos,
me parece que iniciativas como Creative Commons
e Software Livre ainda vão continuar
com um caráter muito restrito, muito
limitado,” conclui. |