Contra a depressão, surge um aliado

© Jorge Maruta
“Nosso grupo demonstrou que, quando você associa antidepressivo com a estimulação, um medicamento que leva de três a oito semanas para começar a fazer efeito, passa a funcionar na primeira semana”. Marco Antônio Marcolin.

 

 

Francisco Emolo
A psicóloga e professora da USP Walkiria Grant acredita que a utilização da EMT ou de medicamentos pode ser muito útil, principalmente nos casos de depressão profunda, mas considera fundamental que, com a ajuda da terapia, após certo tempo, o indivíduo possa abandonar a medicação.


O psiquiatra ressalta que fatores ambientais, emocionais e, até mesmo, outras enfermidades também podem ser determinantes para que uma pessoa tenha depressão: “A principal causa é biológica, genética. Mas os demais fatores são desencadeantes. Você pode ficar deprimido porque teve um infarto, porque está com um problema de rim ou porque teve um trauma cerebral, por exemplo”. Ana, que atualmente é doutoranda em Bioinformática pela USP e representante discente, conhece muita gente que enfrenta a doença. “Muitos alunos da USP entram em depressão. Aparentemente, por ser uma etapa de grandes desafios econômicos e profissionais, a pós-graduação favorece a sua manifestação”, observa.

A psicóloga e professora da USP Walkiria Grant acredita que a utilização da técnica de estimulação ou de medicamentos pode ser muito útil, principalmente nos casos de depressão profunda, que podem chegar ao mutismo. Porém, ela considera fundamental que, com a ajuda da terapia, após certo tempo, o indivíduo possa abandonar a medicação. “Muitas vezes, recebo para tratamento sujeitos muito depressivos e sem energia para fazer algo de suas vidas. É muito interessante trabalhar com profissionais que possam medicá-los, acreditando em retirar o remédio à medida que houver melhoras”. Deila, que além do tratamento com fármacos faz terapia, também considera isso muito importante. “Para mim, é primordial poder deixar os medicamentos. Não quero ficar dependente a vida toda.”

O grupo do dr. Marcolin fez a primeira publicação sobre a utilização psiquiátrica da Estimulação Magnética Transcraniana em 1999. No entanto, até o ano passado, quando seu uso clínico foi autorizado, o método só podia ser aplicado em pesquisa. A fim de que toda a população possa ter acesso gratuito ao tratamento, que tem custos elevados, o IPq pretende pedir que o Sistema Único de Saúde incorpore o procedimento em suas normatizações. Antes disso, o Conselho Federal de Medicina deverá dar seu parecer.

No último mês de junho, uma pesquisa sobre a utilização da EMT para mapeamento de focos de dor na região do córtex sensitivo foi considerada o melhor trabalho apresentado no 2º Congresso Internacional de Dor Neuropática, realizado na Alemanha. O estudo foi coordenado por Marcolin em parceria com o neurocirurgião e profressor titular do Departamento de Neurologia do IPq Manoel Jacobsen Teixeira. Saiba mais sobre a pesquisa na matéria “Pesquisa da Psiquiatria é premiada em congresso internacional”, publicada na edição de julho da revista Espaço Aberto.

 

Serviço:

O Grupo de Estimulação Cerebral da Faculdade de Medicina da USP fica no Instituto de Psiquiatria.
Avenida Dr. Arnaldo, 455, Cerqueira César – São Paulo
Tel.: 3069-6525

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