Do fascínio ao caos

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© Francisco Emolo
Em Berlim, Carlos Eduardo Ferreira experimentou os benefícios de uma linha metroviária muito maior que a paulistana. Para ele, a solução para São Paulo é o Metrô



Apesar disso, Carlos Eduardo Ferreira, professor do Instituto de Matemática e Estatística, prefere o Metrô. Ele conta que morou em Berlim, na Alemanha, e pôde experimentar os benefícios de uma linha dez vezes maior que a paulistana. Hoje, como mora perto da USP, Ferreira leva cerca de 10 minutos para chegar, de carro, à Universidade. Mas nem sempre foi assim. “Morei durante muito tempo na zona norte. Na época da graduação era terrível. Chegava a levar duas horas para chegar à USP em certas ocasiões.”

Já Teodora Pinheiro, funcionária da Faculdade de Saúde Pública da USP, reclama da superlotação dos pontos de ônibus. Segundo o professor Strambi, esse problema não é resolvido necessariamente com o aumento da frota dos ônibus: “Quando você coloca um corredor de ônibus, você aumenta a velocidade com que eles circulam. Com isso, você aumenta a quantidade de ciclos ou de voltas na linha que o ônibus pode dar. Com isso, uma mesma quantidade de ônibus é capaz de fazer mais voltas, passar mais vezes nos pontos, porque roda numa velocidade maior”, explica.

Nos anos 2000, Londres também adotou o pedágio urbano. O dinheiro arrecadado com esse tipo de ação pode ser utilizado justamente na melhoria do transporte público.

Mas o investimento em transporte coletivo não basta para reduzir a circulação de automóveis e acabar com o congestionamento. São necessárias medidas restritivas, como o rodízio. Em alguns países, como Cingapura, por exemplo, desde os anos 70 foram implantados pedágios urbanos e limites de importação de automóveis, devido à falta de espaço para sua circulação. Mais recentemente, nos anos 2000, Londres também adotou o pedágio urbano. O dinheiro arrecadado com esse tipo de ação pode ser utilizado justamente na melhoria do transporte público.

Sempre que a reformulação do sistema de transportes em São Paulo está em pauta, o problema da falta de recursos vem à tona. Para Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da USP e chefe do Laboratório de Poluição Atmosférica da FMUSP, nesses momentos deve-se levar em conta as perdas financeiras ligadas direta ou indiretamente ao trânsito. “O SUS gasta mais ou menos 180 milhões de dólares com doenças respiratórias, cardiovasculares, abortamento e outras coisas que acontecem devido à poluição do ar. Em São Paulo , por estarmos acima dos limites de poluição estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde, mais ou menos sete pessoas a mais morrem por dia”, afirma o médico. Saiba mais sobre poluição causada pelo tráfego e suas conseqüências à saúde na matéria “O preço da poluição”.

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