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SEXTA FEIRA Nº 5 - TEMPO

No artigo, o professor de filosofia e terapeuta problematiza a representação linear, progressiva e cumulativa do tempo, a partir da reflexão acerca de outras temporalidades, como a vivida pelos psicóticos. O tempo dos loucos não é lido no domínio do patológico, mas no de sua invenção e resistência.

Palavras-chave: tempo, loucura, invenção, temporalidade.



A situação da Febem é pensada como confronto entre experiências de tempos contrastantes – o ritmo de vida da criança ou jovem e o da instituição – que fomentam a revolta e apontam para a inviabilidade da internação. 

Palavras-chave: etnografia, Febem, instituição, criança, internação.

O romance de Adolfo Bioy Casares oferece ao autor uma arena para refletir sobre o diálogo entre a noção de Tempo absoluto – cíclico, próprio da natureza e imune à ação do homem – e a idéia de temporalidades plurais – realizações humanas, por isso culturais e imersas na história. O jogo de temporalidades é conduzido no romance pelo desejo do protagonista de superar a morte – o que, afinal, dá limite ao tempo humano e o diferencia dos outros tempos.

Palavras-chave: Bioy Casares, romance, tempo absoluto, temporalidades plurais.

Partindo da enigmática formulação de Santo Agostinho – “(...)o que é o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; porém se quero explicá-lo a quem me pergunta, então não sei”–, o filósofo Franklin Leopoldo e Silva remete-se à história da “intelecção do tempo”, desde Platão e Aristóteles, duas matrizes do pensamento grego que tentam cercar a noção de tempo coordenando fugacidade e fixidez, sucessão e imobilidade. O caminho do autor leva ao questionamento bergsoniano a respeito da natureza da linguagem e dos embates entre pensamento objetivo e subjetivo.

Palavras-chave: pensamento filosófico, tempo, Bergson, linguagem.


O autor se debruça sobre as diversas abordagens do tema da
temporalidade na disciplina antropológica, partindo da tensão que a perpassa entre o positivismo e o relativismo. São exploradas as possibilidades de pensar o tempo para além da perspectiva da linearidade, que marca a nossa concepção de história. O foco do artigo volta-se então para a temporalidade tal como ela é concebida pelos Enawenê-Nawê, povo de língua aruaque do Norte do Mato Grosso.

Palavras-chave: antropologia, positivismo, relativismo, temporalidade, Enawenê-Nawê.

A autora interpreta a cidade de São Paulo dos anos de 1870, período de profundas mudanças espaciais e sócioeconômicas. A partir de relatos de um personagem da época, ela mostra que se altera o modo como as pessoas percebem dia a dia as ruas da cidade e se relacionam entre si, nestes espaços. Os tempos de uma cidade como São Paulo ganham uma nova faceta: o velho e o novo, o antigo e o moderno, o passado e o presente, a continuidade e a ruptura.

Palavras-chave: antropologia, história, São Paulo, séc. XIX, mudanças.

A passagem da arte moderna para a arte contemporânea é o foco deste artigo. A superação das categorias modernas – o novo, a soberania do sujeito, a racionalidade etc. – abre terreno para a arte como intervenção cultural, como evento. No evento acentua-se a temporalização do espaço, a idéia de acontecimento, a simultaneidade de ritmos, que ora geram séries, ora singularidades.

Palavras-chave: arte moderna, arte contemporânea, tempo, espaço, evento.

Nesta entrevista, a antropóloga Maria Lúcia Montes insiste na necessidade de distinguir três discursos sobre o tempo: aquele que se dá num plano prioritariamente abstrato – o tempo dos filósofos –, aquele que advém de uma construção social – o tempo revelado pela antropologia – e aquele que pode ser apreendido de uma experiência subjetiva – o tempo da memória e da arte.

Trata-se de um caderno temático dentro da revista com entrevistas que procuram abordar as comemorações oficiais do 500 anos de “Descobrimento do Brasil”, sob diversas perspectivas. Os entrevistados são: o advogado Carlos Marés, especialista em direitos indígenas e ex-presidente da Funai; Kabengele Munanga, antropólogo africanista que estudou o racismo no Brasil e a participação dos negros nas comemorações e na sociedade em geral; Daniel Munduruku, índio que conta sua versão sobre as comemorações e os 500 anos; José Antônio Araújo, antropólogo português curador do módulo de arte indígena da Mostra do Redescobrimento.