Por Leonel Alvarado.
Números pra viver pouco
e matar muito;
corpos cheios de números violentos.
Números cheios de sangue na rua,
números manchando as pedras,
machucando vidas, compartilhando penas.
Números de bandeirantes e militares,
números que mudam histórias,
quebram vidas, mancham memórias.
Números feios,
números monstros,
números que odeio
tatuados no meu rosto.
Números de nomes tristes:
14 de março da Marielle,
22 de dezembro do Chico Mendes.
Pais de números maus,
de tanto corpo torturado,
daqueles que não foram condenados.
Me dê seus números vida,
não me dê seus números morte;
só quero aqueles que criam,
não aqueles que destroem.
Leonel Alvarado é Professor-Associado da Escola de Humanidades, Mídia e Comunicação Criativa na Massey University (Nova Zelândia).