A partir da análise de imagens do filme Diários de motocicleta, de Walter Salles, são discutidos os sentidos da travessia do rio Amazonas pelo estudante Ernesto Guevara de La Serna, quando dialoga com as travessias da obra de Guimarães Rosa e, em especial, com o conto "Orientação", da coletânea Tutaméia. O rio Amazonas é nuclear para essas observações. Em torno dele, são enfocados ainda os romances A jangada, de Júlio Verne; o filme Fitzcarraldo (o preço de um sonho), de Herzog; e escritos de Euclides da Cunha. Um dos temas centrais de Guimarães Rosa, a travessia, serve de motivo para a discussão de papéis do intelectual e da integração latino-americana.
A poética da miopia, as paisagens interiores, o silêncio, a ausência de música no filme, o lastro documental e a fidelidade à estética de Guimarães Rosa são temas suscitados pelo longa-metragem “Mutum” (2007), uma adaptação da novela “Campo Geral”, do Corpo de baile (1956), mais conhecida como “a estória de Miguilim”. Veremos como o filme recria o texto literário e o próprio método de trabalho do escritor, que fazia viagens de pesquisa pelo sertão do Brasil, recolhendo elementos para suas estórias.
O longa metragem Outras estórias, de Pedro Bial, é uma leitura- montagem de cinco dos contos de Primeiras estórias que o escritor mineiro publicou em 1962; todavia, não se trata de transposição de uma obra literária para o cinema, mas, antes, de uma concepção dela enquanto possibilidade cinematográfica. À maneira de Rosa, Bial pes- quisa um ?dialeto? cinematográfico, uma sintaxe que se corporifica num compósito que inclui cinema, teatro e literatura, onde ficam mobilizados a oralidade e a escrita, a imagem visual e a metáfora, os planos e a mon- tagem, os recortes e os movimentos, os sons, as imagens e os sentidos.
Este texto propõe uma análise intertextual de diferentes versões da história de Chapeuzinho Vermelho: do primeiro texto escrito, de Charles Perrault, até o último, o filme de Cory Edwards, Hoodwinked, passando pelos contos de Jacques Ferron, Guimarães Rosa, pela canção da bossa-nova “Lobobobo”, de Ronaldo Boscoe Carlos Lira, e pelo cartoon Red Hot Riding Hood, de Tex Avery.
Neste artigo, comparo alguns textos de João Guimarães Rosa com filmes de Charles Chaplin e Pier Paolo Pasolini. O contraste está baseado nos temas do silêncio e da morte.
Tem este texto a intenção de discutir em que medida ocorre a representação dos monstros e das monstruosidades como construção discursiva no filme A Terceira Margem do Rio (1994), de Nelson Pereira dos Santos, que reúne, num só corpo, seis das Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa, Sequência, Fatalidade, A menina de lá , As margens da alegria e Os Irmãos Dagobé.
Este artigo é excerto de dissertação sobre a tradução intersemiótica de cinco narrativas do livro Primeiras Estórias de Guimarães Rosa para o filme Outras Estórias de Pedro Bial. O texto perpassa a transmutação do cenário e das personagens rosianas para a linguagem cinematográfica com suas especificidades e recursos, sobretudo, pelo contexto visual dialogando, por meio da imaginação e da imagem, com a obra do escritor mineiro que desde a década de 1960 é fonte para roteiros de teatro, cinema, documentários e minisséries de televisão.