Este artigo objetiva refletir sobre como é abordado o enigma que se configura, a partir do século XIX, em torno do que se convenciona chamar de “eu” e de “realidade”, nos contos “O espelho: esboço de uma nova teoria da alma humana”, de Machado de Assis, e “O espelho”, de Guimarães Rosa.
João Guimarães Rosa deixa à mostra , em seus textos, uma peculiar maneira de abordar a vida. A paradoxal imagem exposta na frase de Riobaldo - "tudo é não é" - resume o risco de trafegar no mundo. Não obstante, Rosa convida o leitor para se precipitar em seus abismos. O caminho por ele construído ressalta, como os pensadores do trágico, o impasse existente entre cultura e natureza. É nesse intervalo que a linguagem se apresenta como aquilo que liga o homem ao mundo, mas que também designa a sua separação. No sertão rosiano, o homem se descobre em seu destino de/na linguagem, que, por sua vez, é revelada como o topos no qual habita o trágico.