Como se constata no ato da leitura de variadas obras literárias, o homem vivencia emoções diversificadas e intensas, as quais podem ser capazes de marcar e, muitas vezes, modificar sua visão de mundo. Nesse sentido, Candido (1995) afirma que, assim como não é possível ter estabilização psíq uica sem o sono, talvez não exista equilíbrio social sem a literatura, pois esta é fator indispensável de humanização, pelo fato de atuar em grande parte no subconsciente e inconsciente do homem. Seguramente, as emoções suscitadas na recepção da literatura pelo ser humano são de responsabilidade da fantasia e da ficcionalidade dos elementos textuais. Entre os gêneros literários existentes, que, certamente, incorporam ficção e fantasia em sua estrutura, Todorov (1975), em suas pesquisas, defende a literatura fantástica, a qual se apresenta como vacilação experimentada por um indivíduo que não conhece mais as leis do mundo real, perante um fato aparentemente fantástico. Desse modo, com base em nossas experiências de leitura, é possível verificar que determinadas obras literárias incluem em suas estruturas o fantástico, cuja variação poderá estar entre o estranho e o maravilhoso. Diante dessa complexidade, conclui-se que as narrativas fantásticas não podem, simplesmente, ser classificadas e rotuladas como tal, sem a devida consideração artística, mas é indispensável, como em qualquer outro tipo de arte, considerar suas variações, estilos e intenções de produção. Pensando nisso, nesta pesquisa, propõe-se a análise do conto “A menina de lá”, de autoria de Guimarães Rosa, a fim de verificar as perspectivas insólitas presentes nessa obra e como as mesmas são organizadas textualmente. Assim sendo, apresentaremos uma análise minuciosa do conto, destacando o sobrenatural e como ele se configura na narrativa e quais seus possíveis significados.
Como se sabe, a literatura é capaz de levar o ser humano a vivenciar emoções intensas e distintas. Todorov (1975) destaca a literatura fantástica, e, em seus estudos, mostra que esta se traduz como vacilação experimentada por um indivíduo que não reconhece mais as regras do mundo real, diante de um fenômeno visivelmente fantástico, o que certamente provoca anseio no leitor. Desse modo, com base em nossas experiências literárias, constata-se que diversas obras literárias aludem ao fantástico, o qual pode variar entre o estranho e o maravilhoso. Portanto, as narrativas fantásticas não devem ser meramente classificadas como tal, mas é indispensável considerar suas mutações, estilos e intenções de produção. Diante disso, o presente artigo propõe a análise do conto “Um moço muito branco”, de João Guimarães Rosa, com o intuito de averiguar aspectos insólitos presentes nessa narrativa e como as mesmas são incorporadas textualmente.