Em "Um moço muito branco", Rosa une as duas maneiras de interpretar o mundo: a visão mítica e a visão racional. A partir delas, ele nos mostra que nada no mundo é absoluto e que tanto o mito quanto a razão possibilitam ao homem entrar em contato com o Cosmo. Contudo, fica evidente no conto que há momentos em que a razão não é suficiente para penetrar no mistério aparente das coisas, precisando, portanto, da magia, do irreal e irracional para devassar um sentido "outro". Assim, ele nos ensina que o mundo é um enigma, é dúbio, é misterioso e que semelhante a ele, o homem também o é. 82 Kalíope, São
Como se sabe, a literatura é capaz de levar o ser humano a vivenciar emoções intensas e distintas. Todorov (1975) destaca a literatura fantástica, e, em seus estudos, mostra que esta se traduz como vacilação experimentada por um indivíduo que não reconhece mais as regras do mundo real, diante de um fenômeno visivelmente fantástico, o que certamente provoca anseio no leitor. Desse modo, com base em nossas experiências literárias, constata-se que diversas obras literárias aludem ao fantástico, o qual pode variar entre o estranho e o maravilhoso. Portanto, as narrativas fantásticas não devem ser meramente classificadas como tal, mas é indispensável considerar suas mutações, estilos e intenções de produção. Diante disso, o presente artigo propõe a análise do conto “Um moço muito branco”, de João Guimarães Rosa, com o intuito de averiguar aspectos insólitos presentes nessa narrativa e como as mesmas são incorporadas textualmente.