Este texto apresenta uma discussão sobre as traduções intersemióticas (Júlio Plaza, 2001) entre literatura e cinema, visando localizar elementos que unem e separam texto literário e texto fílmico. São abordadas as traduções fílmicas de contos de Guimarães Rosa, a partir do livro Primeiras estórias, com 21 contos, publicado em 1962. Este serve como texto-fonte para dois filmes: A terceira margem do rio (1994), de Nelson Pereira dos Santos, e Outras estórias (1999), realizado por Pedro Bial, que transcria quatro estórias autônomas, como se o filme fosse uma seqüência de quatro curta-metragens distintos. Na passagem dos signos icônicos, indiciais e simbólicos, nas tradições semióticas, os sintagmas fílmicos podem entrar em combinatórias diferenciadas e múltiplas, testemunhando a liberdade que cada criador pode dar a seu texto de partida. A conseqüência desse procedimento é mostrar que cada filme transcria, a sua maneira, a narrativa literária, ampliando ou reconfigurando certas cenografias que, às vezes, tinham pouca visibilidade no texto-fonte.