Traduire João Guimarães Rosa est une expérience à part. Dans cet article nous interrogeons ce texte si particulier au regard de la traduction. L’art du traduire, en effet, nous permet de plonger au cœur même de la singularité de cette écriture qui n’a rien de semblable, non seulement au Brésil, mais dans le monde entier. Et qu’en est-il du traducteur ? Est-il une personne gênante qu’il faudrait si possible oublier ? Nous explorons ici Grande Sertão: Veredas, bien sûr, qui reste le chef d’œuvre de l’auteur, ainsi que les nouvelles du recueil posthume Estas Estórias.
Se considerarmos, como Walter Benjamin, que para o tradutor a primazia é dada ao original, podemos afirmar que todo original é atemporal, seja ele datado do século XVI ou XXI, e a razão é que a “tradutibilidade” do texto enquanto original é sempre um "après-coup". Ou, como diria Borges: “A verdade é que cada escritor cria os seus precursores. A sua obra modifica a nossa concepção do passado, como há de modificar o futuro.” Agamben, por sua vez, dirá que o contemporâneo é inatual, anacrônico. Não só porque o tradutor se transforma, nunca é o mesmo ontem hoje e amanhã, mas porque o texto só poderá ser considerado contemporâneo após a passagem do tempo enquanto precursor, enquanto extemporâneo. Nesse sentido, se considerarmos, por exemplo, Meu Tio o Iauaretê de João Guimarães Rosa como um texto precursor, inédito e original, seria interessante examinarmos as propostas francesas de tradução que ele induziu para apreciar em que medida o texto é um original e em que medida suas traduções man