Explicitando, em linhas gerais, o projeto de pesquisa que tentaremos realizar, diremos que este se desdobra em duas partes: 1) Discussão de um dada corrente de crítica: a Estética da Recepção; contribuição à historia recepcional de João Guimarães Rosa. Percebe-se inclusive pelas palavras utilizadas, que as duas partes se unificam em torno de um objetivo comum: ressaltar o papel, simultaneamente do leitor e da história na análise e interpretação críticas.
O objetivo do artigo é abordar a maneira como se deu a recepção crítica das obras de Graciliano Ramos e Guimarães Rosa nos rodapés que Wilson Martins e Franklin de Oliveira mantinham, sob a condição de crítico titular, respectivamente nos jornais O Estado de S. Paulo (de São Paulo) e Correio da Manhã (do Rio de Janeiro).
Este artigo tem como objetivo analisar o conflito entre inovação literária e tradição em textos críticos de Wilson Martins sobre João Guimarães Rosa, em contraste com ensaios de Haroldo de Campos em que o autor mineiro é destacado como um expoente da escrita inventiva. Toma-se o conceito de quebra de horizonte de expectativa estabelecido por Hans-Robert Jauss, em A história da literatura como provocação à teoria literária (1994) e no ensaio posterior “A estética da recepção: colocações gerais” (1979), para analisar como as propostas estéticas de Guimarães Rosa interferem na tradição. Martins atuou como crítico literário e escreveu os sete volumes referentes à série História da inteligência brasileira. Nos artigos intitulados “Radiografia de Sagarana” (1979) e “Um novo Valdomiro Silveira” (1991), Martins mostra-se reservado quanto ao valor do autor mineiro, revelando estranheza em relação à sua linguagem considerada, entre os regionalistas, apenas uma expressão menor do pitoresco. Como