O objetivo desse trabalho é analisar a imagem construída da prostituição nas obras Dão-Lalalão (o devente) e A estória de Lélio e Lina, contos da obra Corpo de Baile (1956) de João Guimarães Rosa. Será um trabalho sinuoso, pois se tentará apanhar os significados que estão por debaixo dos fatos banais que são contados pelos narradores, ou até mesmo, por de trás de suas omissões: sob uma camada de cordialidade há uma crueldade gerada pelo preconceito de gênero e de cor. Tentaremos demonstrar como a idealização do mundo da prostituição construída por esses narradores e personagens, nas duas obras, serve de azeite para as engrenagens do mundo da opressão patriarcal, que tem como centro de recreação o prostíbulo.
O objetivo geral dessa pesquisa foi analisar a representação das personagens femininas em cinco obras da literatura brasileira: A Menina Morta de Cornélio Penna, Crônica da Casa Assassinada de Lúcio Cardoso, Corpo de Baile de Guimarães Rosa, O Lustre de Clarice Lispector e Cabra-Cega de Lúcia Miguel Pereira. Na primeira parte deste trabalho, capítulo um e dois, procuramos demonstrar como a ideia inicialmente arquitetada para o projeto foi transformada ao longo do processo de desenvolvimento da pesquisa, conforme realizávamos as leituras que compõem o referencial teórico desta tese. No terceiro capítulo analisamos os textos literários que compõem o corpus desta pesquisa, em específico, procuramos observar as personagens prostitutas e tentamos demonstrar como, durante muito tempo, a construção da prostituta como uma mulher que usufrui de liberdade sexual e social, uma mulher livre dos afazeres, serviu como uma ferramenta que contribuiu para acentuar o lugar marginal a que foi destinada na sociedade. No quarto capítulo nos dedicamos a discutir o quanto as personagens adúlteras são as verdadeiras opositoras ao sistema patriarcal, mulheres que ao corroerem a principal base do patriarcalismo, a família, abalaram toda a sociedade patriarcal.