A tradução de Grande sertão: veredas para o inglês, feita por Harriet de Onís e o Professor James Taylor e publicada no início da década de 1960, é em geral considerada insuficiente, não fazendo jus ao original de Guimarães Rosa. A parte mais conhecida da história dessa tradução é apresentada em trabalhos que têm como fonte principal as cartas trocadas entre Guimarães Rosa e Harriet de Onís, que estão no acervo JGR do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo. Com base em trabalhos já publicados sobre o assunto e na análise de cartas trocadas entre a tradutora Harriet de Onís e os editores da Alfred A. Knopf, o objetivo deste trabalho é esclarecer melhor alguns fatos que parecem ter ficado em segundo plano, principalmente a atuação de Harriet de Onís para “defender” sua tradução e a escrita singular de João Guimarães Rosa. Como apoio para a discussão, recorreremos às autoras Pascale Casanova e Emily Apter e suas visões sobre a “Literatura Mundial”.
This article studies the translation of Brazilian literature in the United States between 1930 and the end of the 1960s. It analyzes political, historical and economic factors that influenced the publishing market for translations in the U.S., focusing on the editorial project of Alfred A. Knopf, the most influential publisher for Latin American literature in the U.S. during this period, and Harriet de Onís, who translated approximately 40 works from Spanish and Portuguese into English. In addition to translating authors such as João Guimarães Rosa and Jorge Amado, de Onís worked as a reader for Knopf, recommending texts for translation. The translator’s choices reflected the demands of the market and contributed to forming the canon of Brazilian literature translated in the United States.