O romance Grande Sertão: veredas é o palco de inúmeras batalhas, mas a principal delas e que podemos observar no campo da palavra é a luta que Riobaldo trava consigo mesmo na busca por desvendar sua condição de pactário ou não. Por meio da discussão dos conceitos filosóficos de Bem e Mal desenvolvidos por Baruch de Spinoza (2013) e da noção de rizoma e linhas de diferença em Gilles Deleuze & Félix Guattari (1995), observaremos como se desenrola o movimento do Bem e do Mal nas narrativas empreendidas por Riobaldo ao longo do seu relato maior. O trabalho começa por estabelecer as definições de Bem e Mal, em Spinoza, para em seguida estabelecer relações entre essas definições e os princípios norteadores do rizoma em Deleuze & Guattari. A partir daí, anotamos as narrativas riobaldianas de modo a perceber a dinâmica das linhas de diferença operando nas suas reflexões sobre o Bem e o Mal nas ações humanas. O diabo no meio do redemoinho é a imagem que potencializa a compreensão de que o que é bem pode tornar-se mal, mas também o que é mal pode tornar-se bem, daí a percepção de que no interior do sertão não há lugar apenas para o exercício do ódio, traição e morte, mas também para a sua reversão. A narrativa de Riobaldo aparece-nos, portanto, como um exercício ético que retoma sua vida e a reflete na busca pela compreensão e pela redenção de si mesmo diante do Bem e do Mal.