Esta dissertação investiga narrativas visuais no gênero do design de moda, que contemplam a roupa enquanto matéria ou substância capaz de sustentar a história. A pesquisa é contornada por narrativas de moda concebidas na contemporaneidade, seus componentes visuais proeminentes e os ritmos que se configuram no arranjo da plasticidade da roupa bem como suas manifestações de sentidos. Ronaldo Fraga, designer de moda contemporâneo, é destacado como exemplo nesta dissertação por se tratar de um designer narrativo comprometido com o ato de contar pequenas histórias às avessas, as quais se distinguem pela falta de linearidade. As narrativas concebidas por Ronaldo Fraga e que tangenciam a nossa investigação perpassam pela literatura, imagens de caderno de esboços, roupas e desfiles, além das mãos anônimas de costureiras, rendeiras e bordadeiras que desvelam o processo de criação do designer. As obras literárias, "O turista aprendiz", de Mario de Andrade, e "Grande Sertão Veredas", de Guimarães Rosa, assim como dois personagens retirados do último romance citado, Riobaldo e Diadorim, inspiraram as narrativas de moda das estações verão 2011 e verão 2007, eleitas como o foco de investigação deste trabalho.
As relações entre Moda e Cultura serão abordadas através da análise da coleção de Ronaldo Fraga, inspirada na obra de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas, que recebe o título: “A cobra - ri: uma estória para Guimarães Rosa”. Para tais abordagens, foram pesquisados autores cujos estudos estabelecem uma relação direta com a moda e as manifestações culturais. O artigo desenvolvido será dividido em três momentos: primeiro, através da compreensão do trabalho de Ronaldo Fraga; segundo, as relações entre Moda e Cultura; e por fim, a análise da coleção que simboliza as fases do sertão e o romance entre Riobaldo e Diadorim, personagens de uma das histórias mais admiradas e intrigantes da literatura brasileira.